sábado, dezembro 31, 2011

na hora dos abraços e beijos...

fazem-se as contas a vida e as outras coisas em forma de resumo do ano que agora terminou. pessoalmente porque é assim e sempre será que aqui escrevo, não adianta esquivar ou evitar a verdade, tenho mesmo que dizer que os últimos 12 meses foram muito positivos... montes de coisas difíceis aconteceram, mas o amontoado de coisas boas que me chegaram foram o suficiente para dizer que foi o melhor dos últimos anos. a família, aos amigos, aos conhecidos, aos distantes, aos próximos, e até aos desconhecidos, é grande a lista de agradecimentos.

ao VS, GS, a WS, o K, o RM, a KF, o DM, a Tia C, o mano R e o mano M, o SN, a ZI, o GA, aos putos VM, MN, A, o CV, a IM e o Alexandre o Grande, o ST, a comadre NS, a minha camarada MN, aos pais do M, ao casal W e O, a todos os maneiras, ao Waldemar Bastos, os U2, o Paulo Flores, o José Eduardo Agualusa, a Tiê, o Moreira do Moreira Project, ao Carlos Moore, ao Rubens Figueiredo, a Sara Tavares, a Mayra Andrade, ao Fernando Santos Aiaia, ao Ismaël Lô, ao Walter Hugo Mãe, ao Chico Buarque e também a Clarice Lispector e ao Benjamin Moser, a Aṣa e a Adele, ao Seu Jorge, o Pedro Abrunhosa, o Ondjaki, a Soledad Villamil, ao João Armando, a senhora Luisa Fançony, ao Kanye West, ao José Saramago, a Tulipa Ruiz, ao Caipirinha Lounge, ao Ciberescrita, o blog da Companhia das Letras, o Da Literatura, o Morro da Maianga, ao Lei Seca, ao Alfaiate Lisboeta, o Sartorialist, o Arte Photographica, o Bibliotecário de Babel, ao Gonçalo M. Tavares, as outras pessoas com quem conversei, algumas pessoas com que troquei emails, aos outros livros que li, os outros músicos que ouvi, os restantes blog´s que frequentei, para ti que nunca me lês e para ti que definitivamente mudaste a rota da minha vida. obrigado.




a pirotecnia que virou politica!

hoje é dia 31 de Dezembro e faltam horas para terminar mais um ano, e independentemente da diferença do fuso horário, em muitos lugares as pessoas se preparam para logo mais assistirem o espectáculo do fogo de artificio.

actualmente em alguns países o fogo de artificio virou politica, porque os responsáveis de cada cidade investem de tal forma naqueles 30 minutos de maneira a obter algum retorno eleitoral! aqui não é excepção, tudo foi preparado com pompa para o momento, com a grande diferença de que por cá esse momento é feito as 20h:30 do dia 30 porque culturalmente a meia noite de hoje as pessoas não se deslocam ao centro da cidade!

ontem lá fomos ao malecom de Fort-de-France assistir ao espectáculo de fogo de artificio. havia gente que nunca mais acabava... famílias inteiras, grupos de amigos, idosos, crianças, estacionamento esgotado, transito bloqueado mas organizado, muita polícia, barracas de comes e bebes com sumos naturais de frutas que nunca imaginei que se fizessem sumo! havia também muito felicidade na cara daquelas pessoas, mesmo que o momento fosse há anos de repetição... não interessa, o importante é festejar o feito de se conseguir chegar ao fim de um ano que para alguns foi benéfico, para outros foi cansativo, há quem sinta que foi igual ao passado, mas também há aqueles que o querem esquecer... enfim, foi o ano que cada um de nós teve e nada podemos fazer se não aceitarmos viver com ele, mesmo que daqui a horas passa ser o passado.

sexta-feira, dezembro 30, 2011

o jantar de natal

faz hoje alguns anos desde que tive o meu primeiro jantar de natal diferente do que estava habituado na minha infância. estava em Malta e fui jantar a um restaurante em Saint-Julian´s com um grupo de amigos, todos com diferentes nacionalidades e claro, o jantar não foi bacalhau nem peru como eu estava habituado.

depois de Malta, tive outras ceias de jantar diferentes das que fazíamos lá em casa.

hoje aqui em Schoelcher o natal voltou a ser diferente na gastronomia. apenas na gastronomia, porque cá como em todos os outros lugares que passei um natal o conceito não difere muito daquele que temos em Angola. a família junta-se em casa onde por vezes convida alguns amigos próximos para o jantar de natal. a conversa começa tímida, mas depois a felicidade apaga a timidez e contam-se histórias do passado que fazem todo mundo rir... as crianças brincam entusiasmadas porque sabem que a seguir vem a troca de prendas, e apesar de todos os problemas que essa e outras famílias têm, naquele momento esquece-se temporariamente todas as situações menos boas.

não havia o bacalhau, não havia moqueca de camarão ou o besugo que uma vez comi em Espanha... havia um presunto preparado com a ananás e mais alguma coisa que não sei mas que tinha um sabor delicioso com mistura de sal com açúcar, havia inhame, havia umas tostas com salmão fumado ou foiegras, um leitão tão bom que é acompanhado com um feijão que segundo os antepassados deles vem de Angola!

mais do que um dia de natal foi um dia extraordinário, em que mais uma vez fui tão bem recebido que por momentos senti-me parte desse lugar.



quarta-feira, dezembro 28, 2011

...

sempre gostei de aeroportos, talvez por existirem poucos lugares como este onde as diferenças se cruzam de maneira tão sincronizada e os objectivos coincidem entre os que partem e os que chegam.

estou no aeroporto de Orly no meio de uma multidão que caminha de traz para frente, da direita para esquerda e vice-versa, cada um fala a sua língua e o vum vum das vozes parece uma música própria dos aeroportos que só é interrompida quando a voz feminina que sai das colunas informa em francês, depois em inglês e a seguir em espanhol que é a ultima chamada do voo para Istambul e Madame Natalia Alaverdian deve se dirigir já a gate B26.

continuo sentado no mesmo café da esquina e ocupo exactamente a mesma mesa a quando da minha passagem por aqui a uns 6 meses atrás. a família do lado é russa (presumo), falam de qualquer assunto que não identifico mas a filha que mexe no computador volta e meia lança-me um olhar tímido talvez pela coincidência do modelo MAC. as meninas da frente são todas lindas, morenas, louras uma negra e uma ruiva... falam um francês tão rápido que ainda com o meu desconhecimento da língua consigo captar a palavra aujourd'hui. parece estúpido, mas repetem varias vezes a expressão! olho-as vezes sem conta mas sequer dão conta da minha existência!

depois, distrai-me propositadamente na esperança de ouvir o meu nome nas colunas... gosto da sensação e da pronuncia estrangeirada de como chamam o meu nome, mas dessa vez não chamaram, levantei-me e parti.

o lugar onde se termina um livro

...
O Crisóstomo foi pedir a Isaura em casamento na areia. Sentaram-se. O Crisóstomo levara uma ceira com toalha e lanche. Ela disse: sou um bocado maluca, fiquei muito tempo sozinha e talvez tenha cometido erros e estragado coisas na minha alma. E ele dizia: pois eu também sou um bocado maluco, e fiquei muito tempo sozinho, talvez tenha cometido erros e estragado tantas coisas na minha alma. Se casarmos para nos estragarmos um ao outro, talvez alguma coisa se componha. Sinto que é mais fácil ser maluco quando estou contigo. É melhor. E ela respondeu: deixas-me ser mãe do menino. E ele disse: deixo. Então aceito, disse ela. Se casassem, ela queria caber em tudo da vida do Crisóstomo. Queria ser tudo na vida dele. Mesmo maluca e sem discursos. Comprava e vendia as felicidades e as tristezas com essa simplicidade de dizer que sim. Depois espantou-se com o lanche. Havia doces ainda mais esquisitos que o requintado de mirtilo, e havia torradas com feitios, como se fossem bonecos de brincar, e havia bebidas mais importantes, com rótulos ilegíveis e uns copos de vidro grosso que lembravam o anel que ele lhe dera. E ele disse: não tenho dinheiro para mais anéis como esse, mas dou-te um copo e fico com o outro, fazem conjunto. Ela percebeu que estava tudo premeditado, que ele andava a preparar-lhe a festa há tempo e queria muito que ela aceitasse. A Isaura, que ainda não sabia quase nada sobre o amor, achou que era já feliz, mais feliz do que haviam sido os seus pais. Talvez pudesse começar a perder o medo. Talvez pudesse mudar. Poderia perder a tristeza lentamente. Disse que começaria a falar mais vezes sozinha até aprender a falar. Até aprender a verbalizar o que sentia. Ele jurou fazer o mesmo.
Jurado ali, na areia, ambos sentiram que a natureza toda os entendia e geria a sua inteligência para favorecer os seus desejos.

Puseram-se de luz, como se caíssem de um candeeiro.

termina assim o penúltimo capitulo do livro O filho de mil homens de Valter Hugo Mãe. ontem, tinha o carro estacionado na baixa de Luanda de frente ao edifício onde funcionam as alfandegas, quando terminei de ler o livro. nunca tinha pensado no lugar onde terminei um livro, com excepção do comboio/metro e o avião que evito sempre porque depois fico sem nada para fazer.