segunda-feira, setembro 07, 2009

o pedido da K e do F

em Angola e outros países africanos, o pedido é o acto em que a família do rapaz se desloca a casa da família da menina para pedir a mão da mesma em casamento, ou numa linguagem mais modernizada, o noivado.

o F e a K, jovens nascidos em diferentes regiões de Angola onde os hábitos e costumes pouco se assemelham, fizeram o acto tal como mandam as regras tradicionais das regiões em que cada um nasceu. ela, uma descendente dos povos Bakongo (província do Uige) e ele, descendente dos Kiokos (província da Lunda Sul).

com a respectiva indumentária e itens necessários, a família do F deslocou-se a casa da família da K e como manda a tradição, o rapaz fez-se acompanhar pelos tios mais velhos, que são quem toma a palavra no momento das conversas.

do outro lado, a família da menina preparou-se para que nada faltasse aos visitantes... num quintal a céu aberto, as cadeiras foram alinhadas como se de um frente a frente se passasse, de um lado os Bakongo e do outro os Kiokos.

o primeiro a tomar a palavra foi o tio mais velho da K... apresentou-se, deu as boas vindas e logo a seguir cada um dos membros da família dela levantou-se e fazia a sua própria apresentação... nome e parentesco que tinha com a menina.

na resposta, o mais cota dos Kiokos agradeceu e apôs as apresentações argumentou o motivo daquela visita... a carta dobrada e enrolada no lenço branco prezo com alfinetes dourados foi entregue para ser lida em viva voz, e assim, ficou-se a saber que a intenção do F é casar-se com a K no mês de Novembro de 2010.

depois dos acertos, a madrinha do rapaz foi convidada para acompanhar as tias até aos aposentos e trazer a menina cá para fora... a menina surge tapada com um pano tradicional, vulgarmente chamado como pano do Congo... e na presença do rapaz é destapada para que ele possa dizer se é ela a pessoa em questão. depois, são os Kiokos que novamente tiveram a palavra para apresentar os restantes objectos que acompanhavam a carta alem do dinheiro (a quantia não deve ser muito elevada nem tão pouco muito baixa) que veio no envelope da carta... mandou-se então buscar o tão esperado alembamento, os panos do Congo, a galinha viva, grades de cerveja e gasosa, o garrafão de vinho tinto de uma marca exclusiva e o mais importante, o fato com as medidas certas para o tio mais velho da menina. feita a entrega, o casal levanta-se e o F pegou na mão da K e pós-lhe o anel para simbolizar que dali em diante era ela a sua noiva e vice versa. dali para frente, a menina começou a ser tratada como filha dos Kiokos e o rapaz como filho dos Bakongos... disseram-se as palavras de encerramento do acto e o pai da noiva do F convidou todos os presentes a passarem para o outro lado do quintal onde um grande banquete os esperava... mais descontraídos, vieram os abraços, os beijos, as gargalhadas e com elas a felicidade daquelas duas famílias que independentemente da diferença de hábitos e costumes ou das influencias da globalização com que os seus filhos foram influenciados, conseguiram realizar um dos actos mais importantes na vida de muitas mulheres africanas.

ao fundo, Badiu Si de Mayra Andrade para a K e o F com votos que a felicidade esteja com eles.

4 comentários:

Fernando Ribeiro disse...

Antes de mais nada, desejo muitas felicidades aos noivos.

Quanto ao cerimonial que descreves, quer-me parecer que, à luz das tradições dos povos bantus (de que os dois grupos étnicos em presença fazem parte), foi mesmo um casamento tradicional que se realizou, e não um simples pedido da mão da noiva. Parece que já houve o pagamento do alembamento por parte do noivo, assim como todos os outros costumes associados à consumação de uma união matrimonial segundo os preceitos tradicionais. Estarei errado?

Agora talvez ainda falte uma segunda parte, que é o casamento religioso e/ou civil, para que finalmente se possa falar de marido e esposa, e não de noivo e noiva. Será assim, Salucombo?

Desculpa a minha ignorância e esclarece-me sobre este ponto, se fazes favor. Obrigado.

Nós do blog disse...

Olá.

Bonita história.
São valores assim que devem ser preservados.

Parabéns.

Anónimo disse...

tu é????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.