segunda-feira, agosto 26, 2013

a casa que nos deu música!

isso não é um texto sobre música, isso é um texto sobre momentos, sensações, lembranças, lágrimas, tristezas, sorrisos, incompreensões, enfim, isso é um texto também sobre o privilegio de ter crescido numa casa onde se ouvia entre muitas coisas, a música de Carlos Lopes

a Casa da Música é um espaço que fica do outro lado da cidade de Luanda, aquele lado que infelizmente a maioria de nós acha que nada acontece. a Casa da Música é um espaço que já me foi falado vezes sem conta por algumas pessoas, mas por razões que agora não interessam, nunca tive oportunidade de sentir esse espaço. 

o atraso de uma hora ao chegar a Jam Session Night, pós-me preocupado com as partes da noite que ia perder, mas felizmente cheguei ao final da primeira banda. à seguir entrou o cota José Kafala e foi inevitável não me lembrar do CACAU, talvez pela a inveja que senti no dia que postei o cartaz do show dele por lá. faz tempo que não ouvia o meu passado! mas a noite ainda prometia mais regressos.
  

o frenesim com que vivemos actualmente, muitas vezes faz-nos dar valor para algumas coisas que passado algum tempo já nem lembramos delas. infelizmente, em Angola as coisas não são diferente e por isso, temos pessoas com grande destaque na midia que simplesmente fazem tudo menos cantar, mas isso não é um texto sobre música. o PJ Mussungo faz parte daquelas coisas que inacreditavelmente continuam sem ter a visibilidade merecida... mas isso é normal numa país de equipas de sonhos e onde na sua maioria a cultura é muitas vezes mais valorizada por quem vem (e é) de fora, acrescentar mais seria despropositado. já não me lembro como, quando e onde o conheci, mas isso não interessa, a verdade é que ele é uma presença constante na playlist desse bolg.
 

a medida que a noite ia avançando as coisas iam ficando mais quentes. a concentração com as fotografias fazia-me perder a ordem e alguns nomes que subiam ao palco. o duo esquerdinho, uns cotas que agora não me lembro o nome e que a minha avô adorava, chamaram ao palco uma banda totalmente desconhecida para mim, com excepção do Giyora que sua cara não me era estranha de todo. o pianista, um arquitecto emprestado a música como o próprio depois me confessou e o guitarra solo, um rasta com olhar tão distante que até parecia que não estava ali, os dois tinham algo de especial. geralmente, algumas posições de uma banda são ocupados por pessoas discretas, mas se forem bons, por mais que prestemos atenção ao foco de quem canta, é quase impossível não prestarmos atenção a sonoridade que eles atribuem a música.
 

para algumas pessoas assumirem-se como privilegiados é um tabu. nunca percebi bem porquê mas tenho uma amiga que certa vez me confessou que isso transmite arrogância porque é preciso respeitar quem não teve as mesmas oportunidades do que nós. discordo porque para mim o privilégio é também uma responsabilidade pelo facto de termos a oportunidade de ter algo que muita gente não tem. se assumirmos e soubermos valorizar o facto de termos sido sortudos, não vejo nisso qualquer sinal de arrogância. talvez muitas pessoas nunca me vão perceber, mas sempre me senti um rapaz privilegiado também porque tive um pai que nas tarde de sábado sentava-se na varanda lá de casa e na sua cadeira inclinada lia os seus livros na companhia de boa música. o Carlos Lopes também fazia parte desses momentos e mesmo que nunca consiga explicar a importância que esses momentos tiveram na minha vida, a verdade é que hoje também sou como sou graças ao contributo de alguns momentos como aqueles em que o meu pai escutava o Carlos Lopes
 

uma palavra ao Vladmiro Gonga, a Anabela, e a menina de cabelos longos que tocava um instrumento de designer futurista. três desconhecidos que nunca mais me esquecerei deles. ele pelo som da guitarra e elas pela personagem. foi um momento incrível a entrada da Anabela em palco, e apesar de algum exagero a voz é linda e sua performance fez-me lembrar Dee Dee Bridgewater em palco!
 

isso não é um texto sobre música, isso é um texto sobre momentos, sensações, lembranças, lágrimas, tristezas, sorrisos, incompreensões, enfim, isso é um texto também sobre o privilegio de ter estado na Casa da Música numa noite fantástica!

sexta-feira, agosto 23, 2013

click play e escute!

fique ligado que vem vindo um triângulo.

 
Rio de Janeiro, Luanda, Lisboa: três cidades ligadas por um passado comum passam juntas por uma transformação que mudará a forma como sempre se relacionaram. "Triângulo" é um filme composto por três estórias dirigidas por jovens realizadores de cada país. Explora os novos contornos, segredos e discussões entre as três cidades, através do olhar dos seus novos habitantes: Licínio, um angolano no Rio; Inês, uma portuguesa em Luanda; e Paula, uma brasileira em Lisboa. 

...... 
Produção: Geração 80, Plataforma, Colectivo Tás a Ver? e Vende-se Filmes 
Realização: Fernanda Polacow e Juliana Borges (Brasil) / Mário Bastos (Angola) / Filipa Reis e João Miller Guerra (Portugal)

quinta-feira, agosto 22, 2013

mas ela nunca ligou-me.

hoje encontrei a M! 

almoçava no refeitório do kero de viana um arroz com leitão assado, feijão preto e dois rissóis, que além de ter custado caro de mais, não sabia à nada! sinceramente, o melhor daquela refeição foi a coca cola bem gelada e a vista que tinha a minha frente. 

no meio de tantas mesas e pessoas que passavam e repassavam com tabuleiros brancos cheios de comida sem sal, os movimentos dela tomaram conta da minha atenção... os gestos, o detalhe das sobrancelhas, os olhos vivos e principalmente o corte à rapazinho naquele cabelo natural super lindo! 

não resisti. levantei-me e dirigi-me directamente a ela. 

por favor, deixe-me fotografa-la. 

| com Questions by Asha |