quinta-feira, agosto 28, 2008

personagens dos meus dias XII

lá fora fazia noite e no interior a iluminação era intensa, a cor creme dos sofás e do mosaico misturava-se com o branco das paredes mais o enorme candeeiro de parede, que davam um aspecto claro aquela sala que se parecia com um salão de festas.
os enormes sorrisos que se faziam nas molduras expostas na prateleira a minha esquerda mostravam a (in)felicidade de uma família que não pretende apresentar suas fragilidades. 

sentados, olhávamo-nos, falávamo-nos, ouvíamo-nos, cheirávamo-nos e voltávamos a fazer tudo outra vez sem nunca sequer ousarmos em tocarmo-nos. 
depois, veio a voz lá de cima que falou alguma coisa da hora, levantamos e nos dirigimos para à porta e voltamos a falar, mas desta vez, o que os lábios diziam não condizia com o que os olhos diziam... seguiu-se uma pausa e depois o tão esperado toque. o aperto de mão pareceu eterno e sem mais palavras, o adeus veio pelos olhos.

na manhã seguinte, já não me lembrava de nada!

terça-feira, agosto 26, 2008

+ descobertas

para ti, que nunca me lês!

disseram-me hoje que eras uma invenção do meu sofrimento.

respondi que não sei inventar a felicidade, mas quero aprender. 

descobertas

a andar de lambreta
na última madrugada derreteram-se as palavras que me surgiram a meio do sono, não sei por que caminhos seguiram mas ainda assim, tentei seguir-lhes o rasto...

da outra vez, olhando para o chão numa repartição pública, reapareceram-me as palavras que me tinham esquivado entre os dedos quando estava num café no centro de Lisboa!

segunda-feira, agosto 25, 2008

hoje, já te posso dizer que existem pedaços na minha estória em que os teus livros se fazem presente.

para o Ondjaki, que logo mais na União dos Escritores Angolanos fará o lançamento do livro AvóDezanave e o Segredo do Soviético.

quinta-feira, agosto 21, 2008

pois é, 
nem eu sabia que gostava tanto do amarelo!

personagens dos meus dias XI

na rua com o nome ilegível na placa, havia um grupo de miúdos que brincava a entrada do prédio.
parei por muitos minutos a observa-los, tudo porque vinha dali um cheiro a pitanga!

quarta-feira, agosto 20, 2008

hoje, é um bom dia para assumir 10

a dor de ser um privilegiado é constante!

terça-feira, agosto 19, 2008

974
01:11:26,857 --> 01:11:29,576
Meninos, dão-me um momento
com a vossa mãe, por favor?

975
01:11:29,977 --> 01:11:31,729
Obrigado.

976
01:11:51,217 --> 01:11:53,287
Eles estão a perceber.

977
01:11:55,297 --> 01:11:57,413
Não pode continuar a fingir.

978
01:11:58,537 --> 01:12:00,607
A fingir?

979
01:12:03,297 --> 01:12:05,731
Foi através de si que o fingimento
entrou nesta família.

980
01:12:08,737 --> 01:12:10,693
Mostrou como podemos
mudar as coisas

981
01:12:10,777 --> 01:12:13,132
por acreditarmos que são diferentes.
- Muitas coisas, Sylvia. Não tudo.

982
01:12:14,217 --> 01:12:16,094
As coisas importantes.

983
01:12:18,097 --> 01:12:20,053
Há algum tempo que fingimos que...

984
01:12:21,217 --> 01:12:23,253
faz parte desta família,
não é verdade?

985
01:12:29,217 --> 01:12:31,253
Tornou-se tão importante
para todos nós que...

986
01:12:31,417 --> 01:12:32,975
agora...

987
01:12:33,857 --> 01:12:36,132
não importa que não seja verdade.

988
01:12:39,097 --> 01:12:41,247
E mesmo que não seja verdade...

989
01:12:42,057 --> 01:12:44,287
mesmo que nunca possa ser...

990
01:12:47,177 --> 01:12:49,645
preciso de continuar a fingir...

991
01:12:52,537 --> 01:12:54,334
até ao fim...

992
01:12:56,537 --> 01:12:58,653
... consigo.

Sir James Matthew Barrie e Sylvia Llewelyn Davies em À Procura da Terra do Nunca

19 Agosto, Dia Mundial da Fotografia


ainda retenho comigo as imagens daquele sorriso que me fez aproximar.

ouvindo Street of Philadelphia, Bruce Spingsteen

segunda-feira, agosto 18, 2008

para ti, que nunca me lês!

ainda tenho comigo palavras que nunca te direi.

quinta-feira, agosto 14, 2008

enchi-os gota a gota com os pedaços de uma saudade que nunca acaba.
imagem Corbis

hoje, é um bom dia para assumir 09

...pedi a morte, para que me avisasse atempadamente.

sim, assim poderei levar-te o roupão azul e as chinelas em camurça que tanto gostavas.

terça-feira, agosto 12, 2008

se não me deixas escrever sobre ti, 
então, escreverei sobre mim.

personagens dos meus dias X

de olhos para baixo empurrei a porta e sem me aperceber porquê, concentrei-me naquelas lindas mãos que surgiram na frente, não foi preciso muito para ter a certeza que conhecia aquelas finas unhas pintadas em castanho claro.

era ela!!!

nem acredito que estas cá, disse-lhe no meu tímido silêncio.
estava linda como sempre mas um pouco mais magra. 
com os olhos, perguntei-lhe onde tem andado?
ignorando o meu olhar, respondeu-me com as costas onde era possível ver as alças de seu sutiã.

faz tempo que não sabia nada dela, agora de cabelo mais curto deu para descobrir a tatuagem em borboleta que tem por detrás da orelha esquerda.
depois de aproveitar todos os momentos de sua ausente companhia, sai tal como tinha entrado, de olhos para baixo. não me despedi com receio de lhe interromper a refeição, mas ao longe e em silêncio deu para perguntar:

amanhã, deixas-me ver-te? 

sexta-feira, agosto 08, 2008

personagens dos meus dias IX


fazer silêncio

Seja o ar da montanha

Para o sono dos cordeiros.



Neve recém-caída,

Puríssimo grão de açúcar,

Duna sob a lua cheia.



Tal qual o fruto da terra

Que se dá a comer no sexto dia.



Jazida inexplorada,

Casa sem mobília,

Vácuo do não-dito,

Êxtase nunca interrompido.



Tal como o olho cego

Que percebe o invisível,

Gema de opalina.



Seja o restante, o indiviso.



Magma transmudado em cinza,

Fóssil na noite da cripta,

O vaivém milenar da água viva,

Líquido momento de sentir

E estar sozinho.



Fazer silêncio.

Mariana Ianelli
Lovers In Japan, Coldplay

quarta-feira, agosto 06, 2008

hoje, é um bom dia para assumir 08

sim,
vou escrever-te até ao dia em que parar.
e quando parar, vou parar até ao dia que voltar a escrever-te.

personagens dos meus dias VIII


I saw a picture
How could you be so careless
How could you have done that to us
And I write this letter
I send it all back to you
And every word you said

In there every word, oh oh oh oh
How could you have done that to us

You treated me like a stranger
And all the time I was loving you
All your slick moves
They were once innocent moves
I wanted to look up to you
I really trusted you
And every word you said

(Love is what the world want)

I was loving you like a child
All the time you were smiling
The same smile
I was loving you like a child
I really trusted you

Every word you said
Every word you said
(Love is what the world want)

Every word you said
Every word you said
(Love is what the world want)
(Love is what the world want)

Every word you said
Every word you said

I was loving you like a child
All the time you were smiling
The same smile
I was loving you like a child
I really trusted you

Every word you said
Every word you said
(Love is what the world want)
I send it back to you, yeah
(Love is what the world want)

terça-feira, agosto 05, 2008

a feira

ontem abriu a 2ª edição da Feira Internacional da Música e da Leitura aqui em Luanda.
foi uma estreia para mim, por isso estava bastante curioso para ouvir, ver e se possível ler tudo que me passava a volta. a publicidade que foi feita acabou por subir muito a fasquia, e na verdade, o que ali está acabou por decepcionar um pouco, principalmente quando estamos num país em que a maior parte das pessoas tem uma relação de distancia com a leitura aparecerem numa feira livros com preços muito, muito mais muito pouco atraentes!!!
foi triste para mim, ver que no programa faltam grandes pratos da nossa gastronomia, falo de um José Eduardo Agualusa, um Pepetela, um Ondjaki (sim, para mim ele já é um grande sabor) e outros, sei que os compromissos destes ingredientes de alguma forma impediram a sua presença, mas isso não me impede de dizer o que penso. uma festa em Cabo Verde que não tenha cachupa estará completa? 
felizmente teremos o Manuel Rui com a sua mais recente obra A Casa do Rio, que será sem duvida alguma o ponto mais alto da feira.

por outro lado, é bastante agradável andar por ali as voltas, as pessoas falam sobre livros, os ouvidos escutam boa música, o cheiro a literatura esta em todo lado e presenciam-se algumas cenas impares:

hummm este livro é tão gostoso.
disse a menina de blusa encarnada com aparelho nos dentes.


click na imagem para melhor vizualização

para ti, que nunca me lês!

a madrugada é mesmo um estranho momento, fria e escura mas parece que é nela onde vejo as coisas com maior claridade. hoje, estou assim, sem muitas voltas necessito compartilhar com ela a falta que sinto em escrever-te sobre a ausência que sinto cá dentro, mas preciso fazer para contar que inexplicavelmente alguma coisa mudou! 
antes, deitava cá para fora recadinhos que alimentavam o meu interior.
hoje, prefiro deitar cá para dentro.
e amanhã, se por algum acaso faltarem-me as palavras, terei o silêncio para enviar os recadinhos.

no final, tudo se manterá como agora, tu, fria e escura e eu, no frio e na escuridão.

hoje, é um bom dia para assumir 07

partir, silêncio ou escuridão.
não sei qual delas escolher.

Viva La Vida, Coldplay

segunda-feira, agosto 04, 2008

um dia, as lágrimas da história hão-de cair

mercado do Kinaxixi, a última vitima de um assassinato cometido em Luanda.
diz-se por ai, que será substituído por duas torres com tudo de luxo!