terça-feira, janeiro 28, 2014

para compartilhar

https://www.facebook.com/redeangola.info

a primeira edição

Com os pés literalmente descalços, num ambiente casual e relaxado vamos conversar. Conversar com pessoas da área criativa sobre os seus mecanismos de trabalho, processos criativos, projectos, etc. 

O objectivo destas conversas é desenvolver uma larga rede de contactos e conhecimentos partilhados, ao mesmo tempo que se disponibiliza a um público mais alargado, conhecimento sobre a área e sobre pessoas que nela trabalham. 

Nesta primeira edição teremos como convidado o artista angolano ''VAN'' que recentemente apresentou o seu trabalho no Centro Cultural Português em Luanda numa exposição intitulada “Desenhos, Pau-a-Pique e outros Registos”. VAN que é docente universitário e Mestre em educação artística, promotor cultural e artista plástico, possui um vasto curriculum académico e profissional e nesta tarde de domingo vai falar-nos um pouco sobre todas estas facetas. 

Esperamos por vocês com os pés descalços. 
Local: UpGradeArtRoom @ Upgrade Classic Menswear | 18-20 Rua dos Mercadores (Junto ao Restaurante Flôr da Sé) Coqueiros, 2610 Luanda, Angola
https://www.facebook.com/PesDescalcosCC
 

sexta-feira, janeiro 24, 2014

descobertas

e é assim Luanda, num dia cruzas-te com alguém que pode ser mais um entre as muitas pessoas com quem me cruzo nessa nossa cidade e num outro dia, esta mesma pessoa pode estar completamente transtornada! e é isso que também me fascina nessa cidade. 

conheci a Sara aqui, ou seja, no festival de gastronomia, e foi ela quem credenciou a imprensa, sem nunca ter reparado na sua expressão, com exceção talvez do tímido sorriso, nunca voltamos a cruzar.

do outro dia fui ver o projecto Ubumthu Sounds do Pj Mussungo, alguém que muito aprecio como já escrevi aqui, com o Jack Nkanga como convidado numa noite agradável e revoltante ao mesmo tempo. infelizmente, continuamos a desprezar brilhantes iniciativas, talvez por sermos um povo com uma mente pouco curiosa. a novidade e o diferente raramente nos atrai, infelizmente! talvez seja essa a explicação para uma noite tão agradável como aquela, o Chá de Caxinde tenha estado vazio, enfim, continuo sem perceber o que realmente se passa connosco! 

quando o Pj Mussungo chamou a Sara ao palco, sorri, observei-lhe através da objectiva da maquina e voltei a sorrir. primeiro porque fiquei logo curioso de ouvir a voz dela agora a cantar... e depois porque gostei dos detalhes da indumentária que ela trazia vestida. fotografei sem me cansar, escutei a sua voz e no final, mesmo no final, lembrei-me de como Luanda é agradavelmente pequena.

sexta-feira, janeiro 17, 2014

um convite aos de cá

realiza-se amanhã um evento que é para mim a resposta de um pedido que a muito venho fazendo!

a promoção da Lunda Norte sem que os diamantes sejam a personagem de destaque. no ano passado quando fui a feira de municípios e cidades de angola, lembro-me muito bem do sms que mandei ao meu irmão mais velho assim que entrei para o espaço que representava o lugar de onde vem o nosso passado. 

cota, pela primeira vez estou num espaço onde se fala dos kiokos sem que os diamantes sejam destaque! até o cheiro lembra-me a nossa infância. 

o outro sms, foi para dar os parabéns a um dos responsáveis por esse trabalho. 

é verdade, nos meus mais de 28 e menos de 34 anos não me lembro de alguém transmitir assim a cultura do leste, e isso para alguém que cresceu numa casa onde se comia funge, makosso e makenene com as mãos, onde vezes sem conta presenciei a revolta do meu pai sempre que na televisão se apresentava a Luanda Norte como a província dos diamantes. 

amanhã, no Belas Shopping. 
e sim, é permitido levar crianças.
 

um convite aos de cá

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quarta-feira, janeiro 01, 2014

o frio

o frio aproxima uma pessoa de si própria. saímos à rua e, dentro do casaco, para nos protegermos do frio ofensivo exterior, apertamo-nos como se, afinal, muito dentro do casaco não estivesse um, mas dois. não um sujeito, mas dois sujeitos. e por isso mesmo sair à rua no inverno é finalmente dar um passo em direcção a uma outra parte do nosso corpo. 

um homem que na rua aperta o casaco e assim se aperta a si próprio faz, em caminhada livre e a céu aberto, uma rápida autossessão de analise psicológica e psicanalítica e física e etc. e tudo. frio e sol, então – combinação sensatamente perfeita. protege-te e comemora, eis o que nos diz o sol e o frio, cada um a seu tempo. 

no calor, o nosso corpo afasta-se de nós, afasta-se do centro. está para ali à minha a frente ou ao meu lado. no frio, pelo contrário, o corpo torna-se aquilo que quero proteger e aquilo que me protege. por isso é que nos apertamos muito no inverno, no exterior. temos de fazer duas acções opostas ao mesmo tempo. proteger e ser protegido. no inverno, o corpo ocupa menos espaço. de facto, é impossível exigir reflexão a um povo que viva debaixo do sol e do calor permanentes. acima de trinta graus de temperatura, filosofar é perder a vida e o exterior. abaixo de oito graus, não pensar é não ter cabeça. 

é assim mesmo, como se fosse uma formula meio química meio existencial: o homem só pensa em determinados assuntos e com certa profundidade quando avança pela cidade com temperaturas abaixo de oito, sete, seis graus. 

cada cidadão, enrolado no seu casaco, caminha com o rosto de quem reflecte longamente sobre o essencial. em Lisboa, em dezembro, pensa-se mais, isso é evidente.

Gonçalo M. Tavares