sexta-feira, novembro 30, 2007

estado mental

Às vezes lembro-me de coisas que nunca aconteceram. Assim como nos esquecemos da realidade passada. A que passou. É normal, não é? Sonhamos mais do que vivemos, na realidade. Brincar com às palavras é legendar os sonhos mais inexplicáveis, é desbundar segmentos de pensamentos entrosados e inacabados. Na maior parte dos casos isso não vale de nada para os outros. Resulta apenas em nós, distraindo-nos e adiando os confrontos diários que temos com o mundo material. No VH-I passa um vídeo antigo da Madonna, o «Material Girl», em que Madonna sonha ser Marylin Monroe. Jóias de imitação atiradas aos pombos! Pombos que comem migalhas e não voam. Bem, o melhor é voltar ao arquivo, tentar descobri nas noticias inventadas sobre factos reais chave do presente. Procurar no passado às impressões que ficaram, aquelas que resistiram à historia, que não foram simplesmente apagadas pelos homens ou levadas pelo vento. Não desisto. Preciso de legendas certas para às minhas imagens.

Miguel Angelo, A Resistente

quarta-feira, novembro 28, 2007

é estranho escrever sobre estranhos.
é estranho, ler o que estranhos escrevem sobre nós.
se não consigo mudar a sociedade, então porque hei-de mudar-me por causa da sociedade?

que se renda o que estiver errado.

sábado, novembro 24, 2007

personagens dos meus dias I

assim que abri a porta, entrou-me aquele cheiro desagradável bem característico desse tipo de lugar. 
na cave, ao fundo, a paisagem igualava-se aquela que se vê em muitos partes do mundo, uma fila enorme de pessoas sentadas, aguardavam pela sua vez. sentei-me, abri o livro e aguardei a minha vez.

...

aguarda aqui, vou buscar às coisas de que necessito. disse-me ela.

...

comeste alguma coisa hoje?
hummm...
se estas a pensar muito, é porque vás mentir. não mintas.
não, estou a pensar para ver se me lembro!!!
só tomei um copo de leite.
esta bem. o soro vai ajudar a melhorar a tua fraqueza.
deita-te, se não fosse pela tua idade, ainda podias ficar sentado.
esta a doer?
não.
se estiver avisa-me. não faças movimentos com este braço.
esta bem.
vou picar-te no dedo para tirar sangue para as analises.
ok, não faz mal.
a dor é enorme, mas é rápido.
silencio
é verdade, eu não suporto esta dor.
é boa a táctica da dor enorme...
aie, não doeu?
hummm...
então posso voltar a picar?
silencio
a tua pele é dura.
agora já doeu um pouquinho.
já esta, qualquer coisa chama por mim.

naquele instante, percebi a falta que o ipod me iria fazer.
olhando aquelas paredes brancas e creme e a conversa entre duas vozes femininas que não conseguia ver-lhes o rosto, nada mais podia fazer.
chamar-lhe? faltava-me o nome e o motivo para fazer-lhe regressar a mim.
contive-me a lembrar as imagens que retive daquele momento em que tivemos o nosso teta a teta. eu deitado, e ela em pé, fazendo o seu trabalho:
cabelo apanhado, pele lisa, óculos clássicos, olhos semi-inchados, voz aguda e dentes brancos e alinhados como os traços de uma passadeira para peões.

...

hummm, hoje vais dormir aqui connosco.
sorri
estou a brincar.

...

uma outra pessoa tirou-me o objecto introduzido na veia do braço pelo qual o soro descia, e com uma única frase disse-me:
estas dispensado

levantei e fui.
de saída do hospital, ainda pensei. por onde anda a minha enfermeira?
nunca mais voltei a vê-la.

sexta-feira, novembro 16, 2007

alegria pura



(...)

a pureza do olhar
na mansidão dos olhos
o riso contente

a alegria de ser a vida
vivendo

(...)

quem assim olha
sorri
quem assim canta
respira

tudo espera
e tudo é seu


trecho de
“À Ulica,” poema de José Mena Abrantes

quarta-feira, novembro 14, 2007

Luanda deitou e acordou de baixo de chuva...

e o cheiro do perfume de areia molhada, espalhou-se por todos os cantos.
de manha, surgiu a verdade!!!


O Mais Importante é Resolver os Problemas do Povo

quinta-feira, novembro 08, 2007

quarta-feira, novembro 07, 2007

mas o Zé é único

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para ti que nunca me lês

O chocolate não cura a falta de amor, mas ajuda muito.

lê-se no interior da loja Cacao Sampaka, que na quarta-feira abriu no segundo piso do Amoreias Shopping Center em Lisboa

escrita de parede

segunda-feira, novembro 05, 2007

personagens dos meus dias

olhos rasgados, cabelo apanhado, lábios perfeitos, cara meio tímida e tem a pele acastanhada, menina linda que de segunda a sexta cruzo-me na caminhada para o trabalho.
na tentativa em vão de sacar-lhe o nome, resolvi dar-lhe um do meu agrado. Lolita, assim passei a chamar-lhe em voz silenciosa ou como sempre faço ao cruzarmo-nos num gesto mudo digo-lhe, bom dia Lolita, ao que ela responde com a maior das indiferenças!!!

tentei sentir-lhe o cheiro, mas a velocidade relâmpago com que nós cruzamos apenas dá-me tempo para observa-lhe os movimentos a partir do canto esquerdo da lente dos meus óculos escuros. dava algumas coisas para ter a certeza que cheira a palmolive natural com leite de amêndoas e que faz depilação completa.

é, Lolita, a menina de sobrancelhas finas que me faz sorrir naqueles dias que ao me levantar só me apetece é deitar, é aquele sorriso que muito gostaria que a mim fosse dirigido, que transforma aquele instante em que nos cruzamos de cima para baixo no momento mais in da minha manha.

passaram-se alguns dias que não me cruzava com a personagem principal das primeiras horas da minha manha, e isto, incomodava-me bastante, ao ponto que hoje ao aperceber-me que ela vinha subindo tive a ousadia e o atrevimento de perguntar-lhe:
então, por onde tens andando?

nota:
e porque todas às personagens têm direito a sua banda sonora, Lolita não seria excepção.
Música: I Can`t Be With You 
Álbum: Everybody Else Is Doing It, So Why Can't We?
Banda: The Cranberries