sábado, outubro 29, 2011

a importância da música para nós os africanos

gosto pouco de me expressar no plural quando escrevo sobre África, penso sempre que não tenho legitimidade para o fazer... talvez, por sermos tantos e tão diferentes mesmo que muitos insistem tratar-nos como um todo! ainda assim, nas coisas que nos são comum, penso que os problemas e as dificuldades independentemente de quem os cria, nos fazem parecer tão iguais.

apesar de tantas coisas cruéis que todos os dias acontecem por cá, a música sempre foi um escape para muitos de nós... nas tristezas e nas alegrias, a música sempre foi um meio de jogarmos para fora as nossas frustrações e em alguns casos como forma de terapia no momento de tanta dor, talvez isso explique que em muitos lugares de África se cante tanto num nascimento como numa morte!

a quando do Luanda International Jazz Festival, perguntei ao Isamel Lo na conferencia de imprensa se alguma vez pensou na importância que a sua música tinha para nós os africanos? infelizmente o interprete resumiu mal a minha pergunta e a resposta foi um tanto evasiva, mas no fundo, o que eu queria saber dele e de outros músicos africanos é mesmo se eles sabem o real significado do impacto que suas musicas têm em nossas vidas, também porque muitos deles antes de músicos são também filhos de alguém, mães, sobrinhas, netos e por isso não duvido que também tiveram um familiar ou um amigo que partiu injustamente, também eles já estiveram perante a imagem de um ser em dificuldades mas que se sentem incapacitados de ajudar, também eles já sentiram uma dor tão grande mas que muitos insistem em denominar de desgraça, enfim, também eles são africanos mas não sei sabem que muitas das vezes quando escutamos as suas musicas tudo isso desaparece e fica quase impossível lembramos de alguma dor!

esta semana estive na Casa 70 para ver a Sara Tavares num show acústico. foi um show tão simples, tão ameno e tão bom que a determinado momento viajei para fora de mim... ouvir a Sara é assim, sempre me transportou para lugares distantes onde qualquer que seja a dor simplesmente desaparece! não fui ao show para fotografar a Sara Tavares, fui ao show para saborear a Sara Tavares apesar de ter a máquina em mão. no dia seguinte voltei a Casa 70 para levar algo que tinha para ela, nos poucos segundos que estive diante dela não consegui fazer-lhe a pergunta, a mesma que fiz ao Ismael Lo. não sei, talvez tive vergonha ou falta de coragem de enfrentar alguém que me faz tão bem. quem sabe um dia tenha outra oportunidade e a coragem não me falte para pergunta-lhe se ela sabe o quanto nos faz voar.



[Deixa cair o véu, prometo não cairá o céu, deixa-te revelar...
prometo a música vai te embalar
deixa-te levar de olhos fechados, tens que te abandonar para poder voar
]
Sara Tavares - Quando Dás Um Pouco Mais

quarta-feira, outubro 26, 2011

terça-feira, outubro 25, 2011

sexta-feira, outubro 21, 2011

o outro lado da espera

em Luanda, a espera é uma personagem constantemente presente em nossas vidas... espera-se por tudo, por todos e muitas vezes, espera-se incrivelmente por nada!

de ontem para hoje os meus dias não foram muito diferentes de muitos luandenses, tive também os meus momentos q.b de espera, mas como sou completamente impaciente sempre que espero e nada tenho a fazer que me ocupa aqueles longos instantes, ando sempre prevenido. livros, música, bloco de notas em papel liso e só. as ultimas horas foram de espera.

espera no transito porque o presidente da republica ia discursar no parlamento e as ruas estavam praticamente fechadas, espera porque insisto em frequentar o balcão daquele banco apenas porque o sorriso daquela balconista sossega o meu dia, espera porque como aquela muitas reuniões em Luanda só acontecem muitos minutos depois da hora marcada, espera porque depois das 14h o buffet terminou e tens de pedir a carta, espera porque para falares com um simples chefe de departamento de determinado ministério é preciso marcar audiência, espera porque para a obtenção de um visto encontras pessoas aos montes com excepção dos consulados daqueles países esquisitos, espera porque não há luz no escritório e o gerador não arranca porque parece que a manutenção não está em dia, espera no transito porque hoje foi a vez da presidenta da republica [Dilma Roussef] de discursar no parlamento e claro, as ruas foram novamente fechadas, espera por isso, espera por aquilo, espera, espera, espera e vamos continuar na espera que o país perca todas essas burocracias se não queremos deixar para as próximas gerações a herança da espera.

por outro lado, nos últimos dias notei que a espera tem me dado tempo para por a leitura em dia... só no tempo de espera das ultimas 48 horas terminei de ler a biografia do Fela Kuti, Fela – Esta Vida Puta de Carlos Moore, na espera da audiência não marcada com o chefe de departamento de determinado ministério li Marilyn Monroe The Last Sitting de Bert Stern com fotos inesquecíveis, ouvi os discos A Coruja e o Coração e Sweet Jardim da Tiê, Chico do Chico Buarque, Black And White América de Lenny Kravitz que por esses dias chegou-me num lindo saco fnac juntamente com o livro O filho de mil homens do Valter Hugo Mãe.

não sei se é assim com os outros luandenses, mas para mim tem sido uma excelente terapia ou talvez uma maneira de evitar com que a minha falta de paciência chegue ao limite.

e para a espera da próxima semana já tenho menu, além do Valter Hugo Mãe, vou adicionar também José Eduardo Agualusa com A Educação Sentimental dos Pássaros.

quarta-feira, outubro 19, 2011

segunda-feira, outubro 17, 2011

as imagens do Fernando Alvim e as lembranças do Sr. André Mingas

era para ser a noite do Fernando Alvim, mas o mesmo sabia que por esses dias qualquer que fosse o evento cultural era impossível sobrepor-se a partida do Sr. André Mingas... então, o Fernando a última da hora resolveu chamar os amigos, os conhecidos, os desconhecidos, os músicos, os não músicos, os curiosos, enfim, todos que estivessem dispostos a estar presente... e foi assim que na sexta-feira via sms percorreu a noticia do encontro no número 42 da rua da alfândega, para uma simples homenagem ao Sr. André Minhas, que hoje foi a enterrar.



quinta-feira, outubro 13, 2011

um convite aos de lá

Queridos Amigos,

Está saindo meu livro de contos Onde Perdemos Tudo.

Ele foi disponibilizado para download gratuito na internet entre 2002 e 2006. A partir desse ano, começou a ser vendido em forma de ebook.

E, finalmente, em 2011, sai em edição caprichada pela Editora Oficina Raquel, com projeto gráfico da artista plástica Isabel Löfgren e belíssima orelha daFal, além de blurbs de contracapa de escritores como Miguel Sanches Neto, Furio Lonza e Alexandre Inagaki.

São cinco contos, unidos pelo tema comum da perda. Perda de amores, perda de amizades, perda da honra, perda da vida. Apesar disso, não são contos tristes - ou não muito, pelo menos. Toda perda também é um lugar de encontro, um ponto de recomeço.

Onde Perdemos Tudo é o meu livro mais zen, apesar de ter sido escrito antes de eu conhecer qualquer coisa sobre esse assunto. Um dos contos é encancaradamente baseado em uma fábula que, como fui descobrir depois, era um koan zen. O projeto gráfico da Isabel só faz deixar essa ligação ainda mais viva.

Para quem leu as edições eletrônicas anteriores, saiba que esse é um livro com gigantescas pequenas diferenças. Houve uma tentativa de criar um fio condutor entre os contos, de aumentar e intensificar o jogo de espelhos que tem marcado tudo o que escrevo.

O lançamento paulista é amanhã, sexta, 14 de outubro, às 19:30h, na Casa das Rosas. Depois, esticaremos por onde meus amigos paulistas me levarem.

O lançamento carioca vai ser na quinta, 20 de outubro, às 18h, no Castelinho do Flamengo. Devemos ser expulsos de lá às 21h e então vocês podem me encontrar no Lamas, ali do lado. (Eu sei que é bobo, mas dá um orgulho besta e totalmente não-merecido de ver o logotipo da prefeitura do Rio no meu convite.)

O livro já está disponível em pré-venda, pelo site da editora, e será enviado no dia 21 de outubro. Quem comprar antes disso, ganha um exemplar autografado com uma dedicatória personalizada. Compre aqui.

A distribuição não será tão ampla como a das grandes editoras, então recomendo fortemente que você compareça a algum dos lançamentos e compre seu exemplar pessoalmente. Depois disso, o melhor canal de vendas será mesmo o site da editora.

A hora é agora. Por favor, ajudem a divulgar e compareçam aos lançamentos.

Seria muito importante contar com sua presença, viu?

Beijos nos lugares mais inconvenientes,

Alex


um convite aos de cá

INTRODUÇÃO À LONGA-METRAGEM NKISI SHADOW
COM 20 OBRAS DE ARTE DE FERNANDO ALVIM.

ESTA EXPOSIÇÃO ABORDA A HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA GLOBAL
QUE ATRAVÉS DO ESPÍRITO [NKISITERAPIA] PROPÕE A CURA DO PRECONCEITO,
SUSTENTADA PELA FILOSOFIA UBUNTU...

O TEMPO PERMANECE ALEATÓRIO...

SERIA COMO UMA ÚLTIMA FARSA DAS ÉPOCAS À HISTÓRIA AMNÉSICA.



INAUGURAÇÃO | SEXTA FEIRA 14 OUTUBRO 2011

18H00 | SOSO GLOBO _ rua rainha ginga 100
20H00 | UNAP _ rua da alfândega 42 - 48


Exposição de 14 - 29 outubro 2011 | Segunda a Sábado das 14h00 - 22h00

ENTRADA LIVRE
pessoalmente sempre achei muito intima a dor que a morte nos trás, que o melhor seria que todos pudéssemos guarda-la a sete chaves.

em África, a dor que a morte nos trás não é um assunto privado, a família, os amigos, os vizinhos, os colegas de trabalho, os desconhecidos, todos compartilham connosco essa dor.

ontem recebi por sms a noticia da morte do Sr. André Mingas!
o Sr. André Mingas não era família, não foi amigo, não foi professor, não foi colega, mas ainda assim, o Sr. André Mingas foi e sempre será alguém importante na minha vida.

lembro-me bem da única vez que vi pessoalmente o Sr. André Mingas, foi num evento qualquer sobre arquitectura... não tive coragem de aborda-lo, mas lembro de me aproximar e interrogar-me em silêncio: “será que ele sabe o significado daquilo que fez por nós?”

o Henrique Abranches que me apresentou a música do Sr. André Mingas, nunca chegou a explicar-me porquê que achava que uma criança fosse gostar daquela música. depois cresci e parti, e só lá para onde tinha partido percebi o significado de quem era o Sr. André Mingas.
e agora que o Sr. André Mingas partiu... é por achar que a dor que a morte nos trás é muito intima, que não tenho coragem de ir compartilha-la com a família Mingas.

obrigado ao Henrique Abranches por me ter apresentado o Sr. André Mingas, e muito obrigado ao Sr. André Mingas por ter me dado tantos bons momentos mesmo sem nunca se ter apercebido.

sexta-feira, outubro 07, 2011


antes da década 2000, não sabia ao certo se aquela maça com uma dentada era uma marca de computadores, televisores ou aparelhagem!!! naquela altura, em Angola eram poucos os que já tinham acesso a esse tipo de informações.

quando cheguei em Aveiro saído de Luanda para estudar interior design, tive o primeiro contacto com a Apple, mas a timidez e a falta de conhecimento daquela marca de computadores que alguns colegas já usavam me deixava envergonhado... só em finais de 2001 é que tive coragem de pedir a colega de lado mais informações sobre o seu lindo Macintosh azul que eu via sempre que fossemos a casa dela estudar. depois, foram por ai uns 14 meses juntando a mesada que os meus pais mandavam de Angola até conseguir mandar para um amigo em Londres que comprou-me o iMac G3 usado!!!
daí em diante nunca mais parei... divorcie-me definitivamente do pc e casei com a Apple.

de regresso a Angola e sentido na pele as dificuldades que existem para acompanhar o desenvolvimento da maça, agradeço muito o facto de ser privilegiado por puder fazer as compras online ou comprar os produtos Apple sempre que viajo.

ontem, estava na cozinha a fazer uma omeleta de salsichas quando recebi um o break news da CNN através da aplicação que tenho no meu iPod Touch... "Died Steve Jobs, Co-founder of Apple". sentei-me no sofá, pus ao colo o MacBook Pro e com o comando na mão passei a noite vendo os canais internacionais e lendo sites e blog´s que só falavam do assunto do momento.

hoje, assim que liguei o FaceTime para falar com alguem que está a quase 20 horas de avião distante de Luanda, disse-lhe que queria agradecer ao cota Steve por ele ter mudado um pouquinho o mundo em que vivemos.

iThanks for all Steve.

um convite aos de cá

Modernismo Luanda

assim se chama a exposição do fotógrafo alemão Hans Engels que se encontra na Universidade Lusíada de Angola. o Hans captou imagens de personagens que fazem parte do nosso quotidiano luandense, personagens que todos os dias as vemos envelhecer e em alguns casos sucumbirem subitamente sem que ninguém seja responsabilizado!!! personagens que têm tantas historias para contar a minha geração, a outra a seguir, há que vem depois e por ai...

O desenvolvimento das grandes cidades e as suas consequentes alterações são um tema, de amplitude global, sobre o qual não só o Goethe-Institut se debruça. Um tema que suscita questões sobre o desenvolvimento, o crescimento, o futuro, mas também sobre o passado, a demarcação e a herança cultural. Herança cultural significa espelho e memoria da humanidade. A visão do passado é sempre um ponto de partida para o presente e o futuro.
Christiane Schulte
Directora do Goethe-Institut Angola
Hotel Panorama | Rua Mortala Mohamed, Ilha de Luanda



Prédio do Comboio | Rua Amilcar Cabral, Município da Maianga



Prédio Verde | Rua Major Kayangulo, Município da Ingombota




Prédio da ELF | Rua Conselheiro Aires Orneles, Município da Ingombota

segunda-feira, outubro 03, 2011

para compartilhar


O jornalista do PÚBLICO, João Pedro Pereira, por razões várias, desistiu de acumular livros. Por isso, montou um pequeno site onde vai pondo os livros que tenciona dar a eventuais interessados. “Mesmo que não queiram nenhum para vocês, poderão saber de um destino mais nobre do que o contentor da reciclagem”, diz ele. A lista de livros pode ser consultada a partir daqui e também como poderão receber o livro.

um convite aos de cá

um convite aos de cá