Ondjaki
domingo, abril 29, 2012
terça-feira, abril 24, 2012
sexta-feira, abril 20, 2012
quinta-feira, abril 19, 2012
domingo, abril 15, 2012
os cabelos e os sorrisos
o debate do outro dia organizado pelas Angolanas Naturais & Amigos (A.N.A), foi um momento relevante de observação de como as diferenças algumas vezes acabam por nos afastar simplesmente por falta de conhecimento uns dos outros... mas o pior, é quando essa falta de conhecimento é acompanhada pelo desinteresse ou falta de curiosidade de pelo menos nos questionarmos o porquê que o outro é assim.
na conversa, falamos de cabelos naturais, falamos sobre os racismos e preconceitos, falamos de alguns estereótipos introduzidos em diferentes sociedades, conversamos sobre o africanismo de uma maneira muito aberta e crua onde escutei algumas coisas interessantes e outras sem cabimento, falamos de política e dos políticos, falamos dos asiáticos, dos europeus, dos americanos, dos latinos, dos judeus, dos muçulmanos e de muitas outras coisas.
independentemente do teor do debate, o que mais me despertou foi aquele momento que todos passámos juntos porque mais uma vez percebi que mesmo que a “qualidade” das opiniões varie de cima para baixo e vice-versa, o mais importante é mesmo quando cada um de nós tem a sua opinião e pode compartilhar abertamente sem que para isso existam consequências. o ideal seria que isso não acontecesse apenas num encontro com o pretexto de falarmos sobre cabelos naturais.
no final, tínhamos a arvore com as lindas imagens da minha querida amiga Hindhyra Mateta, e muitos sorrisos de satisfação.
no final, tínhamos a arvore com as lindas imagens da minha querida amiga Hindhyra Mateta, e muitos sorrisos de satisfação.
quinta-feira, abril 12, 2012
quarta-feira, abril 11, 2012
Posfácio
Quando chego de uma viagem grande
tenho vontade de telefonar a toda a gente que conheço. Tenho vontade de dizer:
estou cá, fui e voltei. Impressionado com o milagre de existirem tantos lugares
ao mesmo tempo, tenho vontade de contar o que vi, onde estive, o que aconteceu.
Contenho-me. Já conheço um pouco do mundo e, por isso, contenho-me. Sei que, em
todos os instantes, os outros estiveram nas suas vidas. Enquanto eu estava a
fazer qualquer coisa, com a devida diferença horária, eles estavam a fazer
qualquer outra coisa, que era igualmente importante para eles porque fazia
parte das suas vidas, do seu tempo.
Acabo apenas por enviar mensagens
escritas a duas ou três pessoas mais próximas. Cheguei. Porque posso ter estado
distraído e não ter ouvido o plim da mensagem, olho varias vezes para o
telemóvel para ver se chegam respostas. Não chegam. As pessoas estão ocupadas,
elas próprias estão a partir de algum lugar e a chegar a algum outro lugar. O
facto de eu ter acabado de aterrar não é notícia. Toda a gente está constantemente
a aterrar. De certa forma, aterrar é uma das muitas maneiras de levantar voo.
Compreendo isso e regresso às
minhas obrigações: as malas começaram a passar no tapete rolante. Tenho sempre
receio de que a minha não chegue. Aconteceu várias vezes. Pessoas que já
conheço de vista tiram as suas malas, o meu receio aumenta, mas começo a vê-la
lá ao fundo. Nada a declarar, saio sozinho perante nomes escritos em papéis e
famílias, crianças à espera. Passo entre conversas em português. No dia a dia,
raramente se valoriza a riqueza de vivermos num país onde se fala português, se
calhar esquecemo-nos. A vida desse país é melhor por causa dessa língua, temos
sorte. Portas de vidro automáticas abrem-se à minha frente: Portugal.
As chegadas. Sou eu que abro a
porta de casa, sinto de novo as voltas familiares da chave. Com a mala em cima
da cama, começo a separar os diversos tipos de assuntos que, ali, durante
horas, viajaram juntos. Há os presente melindrosos que enrolei em roupas para
ficarem protegidos, há os papeis avulsos que não tive coragem de deitar fora,
bilhetes ou panfletos, há tantos objetos que ainda cheiram a um lugar que,
recordado a partir do meu quarto ainda frio, parece impossível. Talvez o jet lag, as horas mal dormidas em
cadeiras de avião, contribuam para uma impressão de sonho, uma falta de nitidez
da realidade.
Miami, Pequim, Moscovo. Saindo de
Portugal, o jet lag que mais me
custou foi o de Pequim; regressando, custou-me mais o jet lag de Miami. Ao deslocar-me para um destino onde o horário
está adiantado, a minha memoria baralha-se à procura das horas que não vivi.
Mas o equilíbrio acaba por se recuperar e, como perante um horizonte, há um
balanço que acaba sempre por ser feito. Não importa o tempo que dure, esse é um
tempo semelhante a uma tarde de domingo, há vagar.
Antes de partir, tinha algumas
ideias acerca dessas cidades onde estivera. Talvez fossem erradas, não posso
garantir. Agora, só tenho uma imagem incomparável, tingida por ter olhado
pessoas nos olhos, por ter sentido e saboreado. Não me lembro quem escreveu
que, um dia, haverá turistas a visitarem Nova Iorque como hoje se visita
Florença, ou seja, como uma cidade que foi o centro do mundo. Talvez essa ideia
se adeqúe a qualquer um desses três destinos, substituindo Nova Iorque por um deles
ou substituindo Florença por um deles. São lugares desse tamanho mundial. Vale
a pena ir lá e estar, experimentar, sentir, mesmo que, depois, se tenha de
lidar com uma memória que nem recorda o nome dos autores que cita.
José Luís Peixoto
terça-feira, abril 10, 2012
domingo, abril 08, 2012
É bom ter um fim para a viagem; mas, no fim, é a viagem que conta. - Ursula K. Le Guin
os regressos são sempre diferentes porque nos tornam sempre em pessoas diferentes... os lugares onde passamos, as pessoas com quem cruzamos, os sabores que provamos, os sons que ouvimos, os encontros e reencontros, tudo isso e muito mais faz com que no regresso nos tornemos diferente do que éramos antes da partida.
pessoalmente, queria muito ser capaz de descrever o quão diferente essa viagem me transformou, mas por muito que tente, há alegrias impossíveis de serem descritas!
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