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segunda-feira, outubro 31, 2005
sábado, outubro 29, 2005
Lord of War
A noite hoje esta a ser terr�vel. Depois do cinema desci a pra�a do peixe para curtir um pouco a noite de Aveiro, foram alguns shot�s (se calhar exagerei um pouco na doze). Vodka, pois ela mesmo do pa�s da Kalashnikov ou AK-47 para alguns, a arma mais vendida do mundo que j� matou e continua a matar aos montes por todos os continentes. Prontos nao me fodam mais os cornos, vou directo ao assunto. Hoje (ontem) vi Lord of War com Nicolas Cage, numa representa�ao digna das que nos habituo, no papel de um vendedor de armas como aquele que anda por l� (...), gostei da personagem apesar de detestar o que ele faz. Infelizmente os reais culpados de negociatas como estas continuam impunes e muitas vezes a condenarem outros.
H� uma passagem do filme em que Yuri Orlov (Nicolas Cage) diz:
"...sou apenas um retalhista, porque as armas que os EUA conseguem por nestes pa�ses em um dia, eu nem em um ano conseguiria..."
TuPac disse, e o disse muito bem fuck u para todos.
H� uma passagem do filme em que Yuri Orlov (Nicolas Cage) diz:
"...sou apenas um retalhista, porque as armas que os EUA conseguem por nestes pa�ses em um dia, eu nem em um ano conseguiria..."
TuPac disse, e o disse muito bem fuck u para todos.
sexta-feira, outubro 28, 2005
Live Aid
Pequenos nadas
Porque "a vida � feita de pequenos nadas", como escreveu e cantou o "Tio" S�rgio, posso dizer que tenho vivido um pouco mais nos �ltimos dias em Cabo Verde. No ano em que os Da Weasel fizeram cerca de oitenta datas por todo o Portugal continental, Madeira e A�ores, em que toc�mos pela primeira ves em Macau - sendo que foi tamb�m a primeira vez que visitei a �sia e descobri os arranha-c�us da sua "Manhattan", Hong-Kong - acabo por ser mais surpreendido nas minhas f�rias na terra dos meus antepassados. Sto Antao � tida por muitos como a ilha mais verde e, questionavelmente, a mais bonita do arquip�lago. A vegeta�ao abunda por aqui, mas ainda assim dizem-me que a terra esta despida, visto que nao choveu na ilha que viu nascer e crescer a minha mae. A cidade da Praia em Santiago ou a ilha de S. Vicente tem evolu�do nos �ltimos anos, mas em Sto Antao as coisas boas teimam em nao acontecer. Num pa�s onde a popula�ao tem vindo a crescer, esta ilha tem visto o seu n�mero de habitantes baixar consideravelmente. Al�m da agua, falta muita coisa b�sica neste lugar. H�, contudo, uma grandeza de esp�rito, uma pureza de sentimentos e uma alegria inexplic�vel nas pessoas daqui. H� mornas, cachupa, grogue e ponche. H� o sorriso de uma menina que toma banho de mangueira num terra�o ou de outro que corre pela rua a sair de escola com poucas condi�oes.
Pequenos nadas. E entao penso nos mi�dos adolescentes em Portugal e no resto da Europa que se queixam por tudo e por nada. Nadas pequenos. Manuel Fernandes, jogador do Benfica, marcou ontem um golo de elei�ao contra o Villarreal. Ao assistir o jogo no hotel, um dos seus donos confidenciou-me que os pais do jovem talento nasceram a poucos quil�metros daqui, nao conseguindo disfar�ar o orgulho nos olhos que riem. Pequenos nadas...
Por: Pac vocalista dos Da Weasel
Retirado da revista Correio Domingo
Pequenos nadas. E entao penso nos mi�dos adolescentes em Portugal e no resto da Europa que se queixam por tudo e por nada. Nadas pequenos. Manuel Fernandes, jogador do Benfica, marcou ontem um golo de elei�ao contra o Villarreal. Ao assistir o jogo no hotel, um dos seus donos confidenciou-me que os pais do jovem talento nasceram a poucos quil�metros daqui, nao conseguindo disfar�ar o orgulho nos olhos que riem. Pequenos nadas...
Por: Pac vocalista dos Da Weasel
Retirado da revista Correio Domingo
quinta-feira, outubro 27, 2005
Pensamentos
quanto mais penso,
mais alcan�o um vazio mental.
quanto mais penso,
mais os meus dedos desconseguem perceber
o que a minha mente lhes transmite.
quanto mais penso,
mais consigo me aperceber que nao percebo
no que penso.
mais alcan�o um vazio mental.
quanto mais penso,
mais os meus dedos desconseguem perceber
o que a minha mente lhes transmite.
quanto mais penso,
mais consigo me aperceber que nao percebo
no que penso.
Renato Russo & Legiao Urbana
Quando tudo est� perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo est� perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo est� perdido
S� me sinto tao sozinho
Quando tudo est� perdido
J� nao quero ser mais quem sou
Sempre existe um caminho
Quando tudo est� perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo est� perdido
S� me sinto tao sozinho
Quando tudo est� perdido
J� nao quero ser mais quem sou
quarta-feira, outubro 26, 2005
terça-feira, outubro 25, 2005
Sagrada Esperan�a vencem o Girabola 2005
Papai se c� estivesses hoje, penso que imagino como estarias feliz.
Parabens a equipe de todos os Kiocos e nao s�.
Parabens a equipe de todos os Kiocos e nao s�.
Pensando...
quando em ti nao estou a pensar,
� porque estou a pensar no porque de nao estar a pensar em ti...
� porque estou a pensar no porque de nao estar a pensar em ti...
Sinto mesmo a falta...
Da picada de um mosquito tao grande como aqueles que tinha no meu quarto.
Do rato que faz esquina nas panelas l� de casa.
Do cantar dos galos, que foram substitu�dos pelo barulho dos taxistas logo pela manha.
De jogar 35 vitorias com os colegas da 5? classe turma C no Ngola Kanini.
De tomar ch� com a��car castanho que comprava ali nas bananeiras.
De ver aquela cota com �culos bwe big�s que apresenta as Noticias em L�nguas Nacionais na TPA.
De ouvir os gritos da peixeira � peixe � peixe heee... � peixe � peixe heee...
Enfim, sinto mesmo a falta de ti minha Luanda.
Do rato que faz esquina nas panelas l� de casa.
Do cantar dos galos, que foram substitu�dos pelo barulho dos taxistas logo pela manha.
De jogar 35 vitorias com os colegas da 5? classe turma C no Ngola Kanini.
De tomar ch� com a��car castanho que comprava ali nas bananeiras.
De ver aquela cota com �culos bwe big�s que apresenta as Noticias em L�nguas Nacionais na TPA.
De ouvir os gritos da peixeira � peixe � peixe heee... � peixe � peixe heee...
Enfim, sinto mesmo a falta de ti minha Luanda.
New Orleans
segunda-feira, outubro 24, 2005
A gargalhada
Deram-lhe aquela alcunha em menino, j� ningu�m recorda o motivo: Fim-do-Mundo. Depois que cresceu ficou apenas Mundo, o Mundo, nome que se diria feito ? medida para um sujeito como ele, com quase dois metros de altura, cento e vinte e cinco quilos de peso, e uma gargalhada feroz, com a qual aterrorizava at� os mais precavidos. Conta-se que numa tarde de farra, na sequ?ncia de uma aposta idiota, entrou num avi�rio e matou trinta e tal galinhas com um �nico grito. Murmura-se tamb�m, pelos corredores do Minist�rio, pelos bares da Ilha de Luanda, inclusive em algumas discotecas angolanas de Lisboa, que um dos seus colegas teria gravado, sem que ele o soubesse, uma das famosas gargalhadas, vendendo-a depois aos americanos, que utilizam agora em Guant�namo , ampliada e repetida vezes sem conta, para amaciar os prisioneiros e os fazer falar: Posso imaginar o Presidente George Bush a defender no Senado os m�todos pouco ortodoxos dos seus generais:
?Sujeitar um terrorista a gargalhadas, ainda que durante uma noite inteira, ou mesmo duas, n?o pode ser considerada uma forma de tortura ? pode??
Mundo, agente do Minist�rio da Informa�ao e Seguran�a do Estado, atravessou a vida como um camiao desgovernado, quase sempre em contramao, ate embater de frente, aos quarenta e dois anos, depois de um farto funje de s�bado, com um general ainda mais alto, mais pesado, e mais desvairado do que ele. Discutiram, amea�aram-se, Mundo lan�ou um tremendo berro, destinado a paralisar o outro, mas o que aconteceu foi o inverso, o cora�ao parou-lhe naquele exacto instante e ele caiu no chao, com estrondo, como uma montanha desamparada. Foi a enterrar num intenso caixao, tao espa�oso na verdade quanto muitos apartamentos modernos, importado de Nova Iorque especialmente para o efeito. Os amigos passaram a referir-se a ele como o Findo Mundo. Nao deixou vi�va nem filhos, apenas um papagaio muito velho, rabugento, com �speras penas cinzentas, chamado Solil�quio. O papagaio ficou meia d�zia de meses com uma das suas varias namoradas, a qual finalmente o vendeu a um amigo, e aquele a outro, at� ir parar as maos de um conhecido jornalista ligado aos meios da oposi�ao. Aconteceu entao que o dito jornalista, indiv�duo de poucas letras, � certo, mas de muitas palavras, contradi�ao nao rara e raramente conflituosa, num pa�s onde a contradi�ao se tornou ao longos dos �ltimos trinta anos um apurado jogo de sociedade, aconteceu entao dizia eu, que o dito jornalista desatou a publicar uma s�rie de reportagens desagrad�veis, expondo a intimidade, os neg�cios e a contabilidade de v�rios pol�ticos, empres�rios, e militares pr�ximos do poder. Os homens da Seguran�a do Estado andavam agitados ? quem seria o misterioso garganta funda que estaria a vazar a informa�ao? Um dos agentes, um homem gordo, af�vel chamado Almiro, que fora muito amigo do Findo Mundo, lembrou-se de Solil�quio:
?O papagaio do Findo Mundo! S� pode ser o papagaio, ele ouvia todas as nossas conversas enquanto jog�vamos ?s cartas...?
?Um papagaio? Absurdo...?
?N?o menospreze o absurdo, coronel. Neste pais somos todos filhos do absurdo...?
Logo ali ficou decidido que o mesmo Almiro deveria infiltrar-se na casa do jornalista, a horas mortas, com a missao de sequestrar Solil�quio, e, confirmando-se ser ele o garganta funda, silencia-lo para sempre. Almiro foi. Raptou o papagaio, levou-o para uma oficina mec�nica, abandonada., onde j�, em diversas ocasioes, procedera a interrogat�rios nao oficiais, e esperou, paciente, que o animal se decidisse a falar. Nao teve de esperar muito tempo. Solil�quio confirmou todas as suspeitas, repetindo frases inteiras que escutara aos agentes, e misturando ainda rumores e cal�nias da sua pr�pria lavra.
?Nao consegui matar?, confidenciou-me Almiro, meses depois, quando o conheci por acaso, num restaurante angolano, em Lisboa:
?Em primeiro lugar era como se estivesse a ouvir o pobre Mundo a falar. Por outro lado, sabe?, nao sou capaz de matar nada que tenha penas. Acho que os p�ssaros sao da fam�lia dos anjos.?
Meteu-se num aviao, com Solil�quio escondido dentro de uma cesto, e fugiu para Lisboa. N?o tem medo que o descubram. N?o tem medo de nada ? enfim, de quase nada:
?A gargalhada do Findo Mundo! Solil�quio imita-a quase na perfei�ao, digo-lhe meu parente, aquilo, a meia-noite, assusta qualquer mortal!?
Por: Jos� Eduardo Agualusa
Retirado da revista P�blica, suplemento do Jornal P�blico
?Sujeitar um terrorista a gargalhadas, ainda que durante uma noite inteira, ou mesmo duas, n?o pode ser considerada uma forma de tortura ? pode??
Mundo, agente do Minist�rio da Informa�ao e Seguran�a do Estado, atravessou a vida como um camiao desgovernado, quase sempre em contramao, ate embater de frente, aos quarenta e dois anos, depois de um farto funje de s�bado, com um general ainda mais alto, mais pesado, e mais desvairado do que ele. Discutiram, amea�aram-se, Mundo lan�ou um tremendo berro, destinado a paralisar o outro, mas o que aconteceu foi o inverso, o cora�ao parou-lhe naquele exacto instante e ele caiu no chao, com estrondo, como uma montanha desamparada. Foi a enterrar num intenso caixao, tao espa�oso na verdade quanto muitos apartamentos modernos, importado de Nova Iorque especialmente para o efeito. Os amigos passaram a referir-se a ele como o Findo Mundo. Nao deixou vi�va nem filhos, apenas um papagaio muito velho, rabugento, com �speras penas cinzentas, chamado Solil�quio. O papagaio ficou meia d�zia de meses com uma das suas varias namoradas, a qual finalmente o vendeu a um amigo, e aquele a outro, at� ir parar as maos de um conhecido jornalista ligado aos meios da oposi�ao. Aconteceu entao que o dito jornalista, indiv�duo de poucas letras, � certo, mas de muitas palavras, contradi�ao nao rara e raramente conflituosa, num pa�s onde a contradi�ao se tornou ao longos dos �ltimos trinta anos um apurado jogo de sociedade, aconteceu entao dizia eu, que o dito jornalista desatou a publicar uma s�rie de reportagens desagrad�veis, expondo a intimidade, os neg�cios e a contabilidade de v�rios pol�ticos, empres�rios, e militares pr�ximos do poder. Os homens da Seguran�a do Estado andavam agitados ? quem seria o misterioso garganta funda que estaria a vazar a informa�ao? Um dos agentes, um homem gordo, af�vel chamado Almiro, que fora muito amigo do Findo Mundo, lembrou-se de Solil�quio:
?O papagaio do Findo Mundo! S� pode ser o papagaio, ele ouvia todas as nossas conversas enquanto jog�vamos ?s cartas...?
?Um papagaio? Absurdo...?
?N?o menospreze o absurdo, coronel. Neste pais somos todos filhos do absurdo...?
Logo ali ficou decidido que o mesmo Almiro deveria infiltrar-se na casa do jornalista, a horas mortas, com a missao de sequestrar Solil�quio, e, confirmando-se ser ele o garganta funda, silencia-lo para sempre. Almiro foi. Raptou o papagaio, levou-o para uma oficina mec�nica, abandonada., onde j�, em diversas ocasioes, procedera a interrogat�rios nao oficiais, e esperou, paciente, que o animal se decidisse a falar. Nao teve de esperar muito tempo. Solil�quio confirmou todas as suspeitas, repetindo frases inteiras que escutara aos agentes, e misturando ainda rumores e cal�nias da sua pr�pria lavra.
?Nao consegui matar?, confidenciou-me Almiro, meses depois, quando o conheci por acaso, num restaurante angolano, em Lisboa:
?Em primeiro lugar era como se estivesse a ouvir o pobre Mundo a falar. Por outro lado, sabe?, nao sou capaz de matar nada que tenha penas. Acho que os p�ssaros sao da fam�lia dos anjos.?
Meteu-se num aviao, com Solil�quio escondido dentro de uma cesto, e fugiu para Lisboa. N?o tem medo que o descubram. N?o tem medo de nada ? enfim, de quase nada:
?A gargalhada do Findo Mundo! Solil�quio imita-a quase na perfei�ao, digo-lhe meu parente, aquilo, a meia-noite, assusta qualquer mortal!?
Por: Jos� Eduardo Agualusa
Retirado da revista P�blica, suplemento do Jornal P�blico
domingo, outubro 23, 2005
Casa nova mas as mesmas mangas
A Mangueira cresceu, e por isso tivemos de mudar para um espa�o maior. As nossas desculpas pelo inconveniente, mas acredito que p�r c� as mangas serao ainda mas saborosas.
Amor, Paixao ou Solidao?
Epa nao sei o que se passa hoje comigo, mas sinto uma vontade enorme de apanhar quibide daquela cadela rafeira que pausa ali na zona verde. Falando em rafeiros, hoje passou-me uma coisa pela cabe�a. Se abr�ssemos o mercado da importa�ao de rafeiros para tuga? Xe ate pod�amos ganhar umas massas, ate porque por c� existem muitos que tratam melhor a sua cadela do que uma empregada domestica e nao s�... Se os mambos derem certo, podemos mudar o futuro de muitas cadelas que deambulam pelas ruas de Luanda, porque aqui elas terao direito a um par�grafo no testamento de muitas beatas.
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