segunda-feira, abril 27, 2009

para leste...

e novamente surgiu a partida, e desta, propositadamente em itálico, pois, parto cá para dentro.
na véspera, tento a todo custo imaginar as imagens, os cheiros e os sons que guardo do longínquo ano de 1997, quando pela última vez vi os mokixes dançando na terra encarnada e comi o makosso que só a tia A. sabe cozinhar.

[quero muito encontrar aquele pedaço teu deixado por lá.]

quarta-feira, abril 15, 2009

nem discursos nem tristezas

os aniversários são dias esquisitos, quase sempre procuramos o que há de diferente na data em que acordamos de maneira diferente, e mesmo que façamos muito para ser um dia como o anterior, são os outros que lhe tornam diferente, e são estes outros que regular ou irregularmente têm passado por cá deixando o seu toque de amizade para este cantinho que nunca quis ser o diário do menino que pensava que o mundo era redondo!

e hoje, que completas mais um ano, quero agradecer aos amigos que me apresentaste que quando podem dizem-me olá, mesmo que por vezes discordam do silêncio que por cá encontram.
se pudesse, cantava para ti Love is Blindness.

segunda-feira, abril 13, 2009

hoje, estive naquele canto da cidade que lhe chamam de cidade alta, e de costas virada para uma futura torre, olhei a vista sem parar de ler Miguel Sousa Tavares o cronista. 
com a revista aberta, distrai-me com a paisagem... 

olhei o mausoléu, que para nós os putos da banda sempre será o foguetão que nunca partiu, olhei os pontos de iluminação da Coreia que aqui fica a oeste, vi a nova estrada da Samba ao fundo, olhei a enorme fila de carros que desviava pelo Bairro Azul, olhei a nova Praia do Bispo vestida de amarelo sem sequer tomar banho, olhei o capim esverdeado agradecendo as ultimas chuvas, e ao virar-me, olhei a menina que adora saltos altos em sabrinas rasas de cor preta!

falou, ouviu, sorriu, observou, deliciou o palmier, recebeu sms´s, telefonou, envergonhou-se, aproximou-se, hesitou, beijou, afastou-se, aproximou-se, hesitou mas não voltou a beijar, olhou, despediu-se e partiu. 

segunda-feira, abril 06, 2009

há dias em que penso deletar o Attelier...

no local de trabalho, as pessoas no elevador mantêm o mesmo silêncio até um certo dia, depois, há o primeiro que quebra com aqueles perguntas do tipo como foi o final de semana..., mas passado muito tempo lá está a mesma pessoa fazendo as mesmas perguntas e obtendo as mesmas respostas... sei lá, talvez seja um ciclo ou talvez não, ou quem sabe a ausência de matéria prima com sabores diferentes para o mesmo criar/inventar novas estorias que o levam a fazer diferentes perguntas.

não sei, mas tenho sentido que estou no meu elevador e sem nenhum receio assumo que há dias que quero esquecer de vez o elevador e usar as escadas, mas por outro lado, ainda existem dias que é com todo prazer que entro nele mesmo sabendo que a minha resposta será muito parecida com as ultimas!

ou será que com vocês é diferente?
Tenho o pé na lama tenho a boca na cama e o pé no chão
Tenho a cara cheia de vida alheia da vida alheia
Tenho o pé na lama e se ela me ama porque não fica
Porque ela vai
Porque ela vai sempre.

Tenho o pé na lama tenho a boca na cama e o pé no chão
Tenho pouca sorte muita pouca sorte irmão.

Tenho o pé na lama tem quem diz que me ama e não me tolera
Ai quem me dera que eu só fosse um corpo tonificado
Retrato estereotipado suportado no progresso.

Meu amor não vá longe de mim dói no meu peito dói 
Ondas de ficar aqui...

Tenho o pé na lama tem quem diz que me ama e não me tolera
Ai quem me dera que eu só fosse um corpo tonificado
Retrato estereotipado suportado no progresso.

Tenho o pé na lama tenho a boca na cama e o pé no chão
Tenho pouca sorte muita pouca sorte irmão.
Paulo Flores

o meu camba e cota T, um Israelita que viveu aqui na banda nos anos 80, regressou em ferias para reencontrar pessoas, lugares, imagens, cheiros e principalmente para voltar a beber kisangua, como o próprio afirmou.

na véspera do regresso a casa, cismou que queria literatura angolana que lhe fizesse entender um pouco algumas mudanças da Angola que ele conheceu e a Angola de hoje. andamos, andamos e voltamos a andar, mas não encontrávamos o que ele queria, ou talvez eu é que não percebia ao certo o que ele queria. no dia da partida, entreguei-lhe alguns discos do Paulo Flores e pedi-lhe para prestar atenção nas letras, porque talvez encontrasse a tal literatura que tanto queria.

hoje, mandou-me o sms: 
será que a tua geração sabe do real significado que este cara tem para vocês? thanks pelos cd´s.

para mim, Paulo Flores é doce, é amargo, é verdadeiro, é triste, é alegre, é puto, é cota... não sei ao certo, mas desconfio que existam poucos que fotografem ou estampem cá para fora um retrato tão real do nosso eu angolano.

T, também não te sei responder a pergunta, sei apenas que varias vezes ele me magoa talvez porque me confronta com a verdade que todos os dias vejo por ai, e a verdade, esta verdade que te falo dói, dói de mais.

ao fundo, Paulo Flores com participação especial de Romi.

quarta-feira, abril 01, 2009

Angola Today?

ASSUNTO: TIRAGEM DE FOTOGRAFIAS NA VIA PÚBLICA

Constatando-se o afluxo de cidadãos Nacionais e estrangeiros que têm vindo a utilizar o meio Público ou as diversas artérias desta cidade capital “Luanda”, e nas demais cidades do nosso País, tirando fotografias para fins técnico-científico, académico, comercial e recordações das paisagens deste belo país “Angola”.

Considerando que esta prática não constitui nenhum crime, salvo as áreas onde se situam as infra-estruturas dos órgãos de soberanis e das Forças de Defesa, Segurança e Ordem Interna;

Em cumprimento do consignado no ponto nº2 das Orientações baixadas na reunião do Grupo Operativo/CGPN, realizada no dia 16OUT03;

Orienta-se o seguinte:
1 – Todas Direcções Provinciais da Ordem Pública dos Comandos Provinciais da Polícia Nacional deverão trabalhar no sentido de sensibilizar o efectivo da PN para que não se criem obstáculos às pessoas que tirem fotografias nas vias públicas, uma vez que esta conduta não constitui crime;

2 – Esta Circular é de carácter permanente, cabendo as DPOP/CGPN o cumprimento imediato da mesma, a partir da data da sua recepção.

PELA ORDEM E PELA PAZ AO SERVIÇO DA NAÇÃO

DIRECÇÃO NACIONAL DE ORDEM PÚBLICA /CGPN em Luanda, aos 05 de novembro de 2003

O DIRECTOR NACIONAL

ISAÍAS CELESTINO CHINGUFO CHIYANEKE
SUBCOMISSÁRIO

hoje, é um bom dia para assumir 26

tenho o pé na lama...

Leite Derramado por Chico Buarque


do Brasil, num envelope castanho que cheira azeitonas verdes.
um abraço a M. pelo carinho.