A FEBRE AMARELA E VERMELHA
Desde o dia 20 de Setembro de 2011 que uma certa febre amarela e vermelha tomou conta da rede social facebook. Várias pessoas de várias idades e nacionalidades, maioritariamente cidadãos moçambicanos partilham a mesma fotografia de perfil: Um flyer amarelo e vermelho com um gigantesco número 30 em destaque.
O número 30 refere-se a 30 dias de criatividade, 30 dias em que essas várias pessoas que ‘‘padecem’’ da mesma febre e hoje a divulgam, tiveram que tirar uma fotografia com tema à sua escolha e partilhá-la online, mais precisamente no facebook, nas suas páginas e no Ponto de Encontro dos Fotógrafos (PEF) e só posteriormente podiam partilhar online em outras comunidades, grupos, sites, blogs e onde quisessem.
No início do mês de Julho deste ano um grupo de amigos moçambicanos que partilham o gosto pela fotografia decidiram lançar um desafio a vários outros amigos igualmente amantes desta arte. O desafio consistia em reunir 30 pessoas que gostam de fotografia mas que por trabalharem em diversos outros ramos sentiam que estavam a deixar excessivamente a fotografia para segundo plano e as suas cameras fotográficas já começavam a ficar empoeiradas demais. Assim estas 30 pessoas, teriam que durante 30 dias tirar um foto e publicá-la no facebook. Mas esta ideia inicial, rapidamente se viu ultrapassada quando o desafio foi lançado no PEF e vários outros dos 142 membros actuais interessaram-se pela ideia e decidiram abraçá-la, vendo assim o número de fotógrafos aumentar, mas mantendo o conceito inicial.
Com inicio oficial a 7 de Julho de 2011 os ‘‘trinteiros’’,como passaram a ser apelidados os que aderiram à iniciativa, clicaram e publicaram a sua primeira foto que tinha como tema : Self Portrait / Auto-Retrato.
Durante os 30 dias cada um podia fotografar o que quisesse e apenas uma vez por semana era sugerido um tema pelos impulsionadores do projecto que recorrendo à rifa pediam a alguém que escolhesse um dos papelinhos onde estavam os vários temas, essa pessoa nada tinha a ver com o projecto e nem com o PEF.
Uma vez escolhido o tema, a adesão era opcional, eu por exemplo que apercebi-me do projecto um ou dois dias antes do inicio, não tive como primeira foto um auto-retrato por não fazer parte na altura do PEF, local onde os participantes eram informados sobre as novidades ligadas ao projecto. Mas, felizmente ao longo do projecto sempre houve sintonia e uma vez lançado o tema/desafio todos aderiam e davam o seu melhor para de forma criativa, única e à sua maneira conseguir a fotografia do dia. Era engraçado como os dias corriam depressa e pairava no seio dos trinteiros o espírito de descontracção, diversão mas também de responsabilidade e seriedade já que a foto tinha que ser publicada dentro das 24h de cada dia. Para muitos não era nada fácil pois cada um tinha as suas actividades diárias e nem sempre era possível cumprir com o objectivo do dia.
Por exemplo para as mães, profissionais, donas de casa e amantes da fotografia muitas vezes publicar uma simples foto que para alguns parece simples, não era bem assim. Alguns por exemplo que dedicavam-se a fotografia de exterior, por trabalharem fechados num escritório muitas vezes não conseguiam levar avante as suas ideias iniciais para a foto do dia, daí o tipo de fotos que várias vezes surgiam, por exemplo fotografias tiradas dentro do carro enquanto parados no semáforo ou no trânsito congestionado, fotografias dos filhotes durante a refeição ou enquanto dormiam, fotografias das secretarias cheias de documentos, papeladas, computadores, fios, fichas e etc, ou mesmo imagens do colega ao lado enquanto trabalho ou enquanto toma o seu café durante a pausa.
Várias vezes as fotos eram publicadas tardiamente por vários motivos. Um deles por exemplo era o facto de muitos dos participantes não usufruírem de um serviço de internet suficientemente bom. Mas a falta de tempo foi igualmente muito evocada.
Éramos de várias nacionalidades, mas os trinteiros eram maioritariamente moçambicanos e estavam essencialmente em Maputo, alguns enviavam as suas fotos de vários pontos deste globo, pelo facto de terem que deslocar-se por motivos profissionais, lazer e outros. Da África do Sul, Portugal e China vieram várias imagens.
Os dias passaram e entre vários estilos de fotografar e mensagens transmitidas através das imagens chegou o 6 de Agosto de 2011, dia da publicação da última foto. Dia de alegria e de tristeza ao mesmo tempo pois aqueles 30 dias tinham sido dias em que muitos contactos foram feitos, muitas pessoas passaram a conhecer-se virtual e pessoalmente, laços de amizade existentes estreitaram-se e muita coisa boa aconteceu, saídas para fotografar, jantares, lanches e um sem fim de actividades entre os membros do PEF espalhados pelo mundo. O lado mais positivo da coisa é que mais de 30 pessoas tinham conseguido cumprir com o objectivo e chegado ao fim do desafio. É preciso salientar que pelo caminho várias pessoas ficaram impossibilitadas de continuar por várias razões, e várias outras aderiram ao projecto mesmo depois do seu inicio, só tinham que conseguir fotografar e publicar várias fotos num só dia para que conseguissem alcançar os que já iam mais à frente. Foi tudo assim , muito normal, permissivo e descontraído.
Relativamente à febre amarela e vermelha, esta marca a segunda fase do Projecto 30, a fase em que contam-se os dias para a FotoExpo do Projecto 30 | 2011. Após o término da primeira fase do projecto, perto de um mês e alguns dias depois, surge no PEF a notícia de que a exposição poderia vir a ser uma realidade, uma vez que esta intenção surgiu logo nos primeiros dias da primeira fase. Várias pessoas, várias mentes, várias ideias e vários apoios surgiram para que a exposição acontecesse. Um dos principais apoios veio do INSTITUTO CAMÕES(CENTRO CULTURAL PORTUGUÊS) em Maputo que abraçou o projecto e disponibilizou o seu espaço altamente preenchido e concorrido a nível de actividades artísticas e culturais.
Depois foram surgindo outros apoios essenciais, nomeadamente para a impressão das fotografias, e organização do evento em si. A SEKUELA EVENTOS, a PRODATA(Canon), e a MEDIA PRINT são igualmente grandes apoiantes desta iniciativa moçambicana. A Exposição ficará patente de 29 de Setembro à 15 de Outubro no Instituto Camões em Maputo e pretende-se que a mesma seja itinerante e que passe por diversos países com realce para os países dos quais são cidadãos alguns trinteiros. É já oficial a intenção de se realizar o Projecto 30 daqui para frente, uma vez por ano depois deste sucesso e principalmente grande impulso à continuidade do desenvolvimento da arte de captar e eternizar acontecimentos, momentos e sentimentos.
A febre amarela e vermelha no facebook vai continuar até ao dia 15 de Outubro, mas outras febres de várias outras cores surgirão conforme os locais por onde passar a exposição, ou então a febre oficial do Projecto 30 será a amarela e vermelha, é algo que democraticamente será decidido no PEF e que será comunicado ao mundo à posteriori!
Luanda, 21 de Setembro de 2011
Por: Hindhyra Mateta - uma das trinteiras -
De iniciativa moçambicana, o Projecto 30, como entretanto ficou conhecido, reuniu mais de 30 amadores e profissionais de fotografia que se propuseram colocar uma fotografia por dia, durante 30 dias, na rede social virtual Facebook. Entre 07 de Julho e 06 de Agosto de 2011, o Projecto Fotográfico 30 foi um projecto que quebrou barreiras entre pessoas de diferentes idades e nacionalidades, de vários grupos sociais através de um denominador comum – o gosto pela fotografia.
O conceito foi simples. A imagem deveria ser captada e posta on line dentro das 24 horas do próprio dia. Não houve pontuação, nem restrições quanto à resolução ou aparelho a usar. A temática foi livre e apenas uma vez por semana eram sugeridos temas, não obrigatórios, que os fotógrafos poderiam ilustrar da forma mais criativa que conseguissem e desejassem. Todas as fotografias foram bem-vindas. As palavras de ordem foram: troca de experiências e diversão.
O desenvolvimento das novas tecnologias tem promovido e facilitado um crescente interesse pela fotografia na camada mais jovem e as redes sociais são o meio mais acessível e rápido de partilhar esse interesse. Com o advento das máquinas digitais, desprovidas de rolo fotográfico, e dos celulares que também tiram fotografias, a criatividade tornou-se o único limite. No entanto, a maior parte das pessoas que tira fotografias, com mais ou menos “técnica e criatividade”, não trabalha em áreas ligadas à fotografia. E, por isso, este projecto foi um motivo para fotografar, para aprender e partilhar resultados. Os trabalhos agora em exposição no Instituto Camões são o produto deste Projecto 30: iniciativa moçambicana de fotografia via facebook.
Quem não puder ir pode ver aqui algumas das fotografias submetidas.
1 comentário:
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