gosto pouco de me expressar no plural quando escrevo sobre África, penso sempre que não tenho legitimidade para o fazer... talvez, por sermos tantos e tão diferentes mesmo que muitos insistem tratar-nos como um todo! ainda assim, nas coisas que nos são comum, penso que os problemas e as dificuldades independentemente de quem os cria, nos fazem parecer tão iguais.
apesar de tantas coisas cruéis que todos os dias acontecem por cá, a música sempre foi um escape para muitos de nós... nas tristezas e nas alegrias, a música sempre foi um meio de jogarmos para fora as nossas frustrações e em alguns casos como forma de terapia no momento de tanta dor, talvez isso explique que em muitos lugares de África se cante tanto num nascimento como numa morte!
a quando do Luanda International Jazz Festival, perguntei ao Isamel Lo na conferencia de imprensa se alguma vez pensou na importância que a sua música tinha para nós os africanos? infelizmente o interprete resumiu mal a minha pergunta e a resposta foi um tanto evasiva, mas no fundo, o que eu queria saber dele e de outros músicos africanos é mesmo se eles sabem o real significado do impacto que suas musicas têm em nossas vidas, também porque muitos deles antes de músicos são também filhos de alguém, mães, sobrinhas, netos e por isso não duvido que também tiveram um familiar ou um amigo que partiu injustamente, também eles já estiveram perante a imagem de um ser em dificuldades mas que se sentem incapacitados de ajudar, também eles já sentiram uma dor tão grande mas que muitos insistem em denominar de desgraça, enfim, também eles são africanos mas não sei sabem que muitas das vezes quando escutamos as suas musicas tudo isso desaparece e fica quase impossível lembramos de alguma dor!
esta semana estive na Casa 70 para ver a Sara Tavares num show acústico. foi um show tão simples, tão ameno e tão bom que a determinado momento viajei para fora de mim... ouvir a Sara é assim, sempre me transportou para lugares distantes onde qualquer que seja a dor simplesmente desaparece! não fui ao show para fotografar a Sara Tavares, fui ao show para saborear a Sara Tavares apesar de ter a máquina em mão. no dia seguinte voltei a Casa 70 para levar algo que tinha para ela, nos poucos segundos que estive diante dela não consegui fazer-lhe a pergunta, a mesma que fiz ao Ismael Lo. não sei, talvez tive vergonha ou falta de coragem de enfrentar alguém que me faz tão bem. quem sabe um dia tenha outra oportunidade e a coragem não me falte para pergunta-lhe se ela sabe o quanto nos faz voar.
[Deixa cair o véu, prometo não cairá o céu, deixa-te revelar...
prometo a música vai te embalar
deixa-te levar de olhos fechados, tens que te abandonar para poder voar]
Sara Tavares - Quando Dás Um Pouco Mais
1 comentário:
Obrigada pelas tuas palabras...
leer-te a ti faz tao bem como ouvir musica!
Há muito tempo que nao o fazia e também fez-me bem.
Tudo de bom!
Aquele abraço,desde Zim.
N.
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