terça-feira, abril 17, 2007

sem passado, ninguém tem futuro

não vivi no tempo colonial, e por muitas histórias tristes que li e ouvi fico um pouco feliz por ter nascido numa época de angola independente. conheço alguns cotas que viveram naquele tempo e independentemente do mau bocado que passaram, sempre que falam daquela época transmitem uma certa satisfação por terem vivido a época, afinal o colono não fez apenas coisas negativas.
positiva ou negativa, a tentativa de apagar a história será sempre um acto que prejudicara futuras gerações que têm o direito de ler, ouvir ou ver como é algo do tempo em que não viveram, por isso mesmo custa-me ver a forma como têm sido destruídos muitos edifícios na minha luanda para darem lugar a novas paredes tecnologicamente mais inovadoras, aparentemente mais bonitas e muito mais caras, mas nem de longe têm a riqueza histórica que as paredes levantadas num tempo em que com toda certeza o meu avo não imaginou ter algum dia um neto publicitário!
não sei se é mesmo uma moda como escrevi neste
neste post ou a vontade que muita gente tem de apagar de uma vez por todas com a marca física deixada pelo colono. e se mesmo as marcas negativas devem ser conservadas de uma determinada maneira, como será possível que alguém autorize a destruição do positivo!

palácio de ferro (foto enviada por e-mail)

por vezes, dá-me aquela impressão que muitos dos cotas não consegue digerir bem o facto de que o passado seja ele positivo ou negativo, não pertence simplesmente aqueles que nele viveram, mas também aqueles que num futuro viverão no mesmo espaço onde este passado foi vivido, afinal não é a toa que hoje existe o museu do holocausto em jerusalém ou o museu do apartheid em joanesburgo, só para citar dois exemplos de demonstração de algum respeito pelas próximas gerações.

"palácio de ferro" (foto tirada a dois dias atrás)

com a onda que anda por ai de partir uma simples casa de primeiro andar para se levantar uma outra de três ou a destruição de edifícios históricos para se erguer as tais ditas torres (muitas das vezes sem se respeitar algumas normas, como a não obstrução da vista do morador do edifício vizinho, mas isso já é tema para um outro post), não será espanto nenhum se dentro de 10 ou 15 anos os únicos edifícios com a marca colonial na cidade de luanda forem o museu da escravatura ou das forças armadas, e mesmo o ultimo com algumas reticencias visto que hoje por alguns mil dólares é possível dar-se o copo de agua de um casamento na fortaleza de luanda, por isso não se espantem aqueles que amanha no lugar do museu encontrarem um novo edifício para festas!
desconfio é, que no passado o cota teta lando quando bem cantou luanda já foste linda, não imaginava que o futuro seria bem pior que aquele presente em que desabafou.

7 comentários:

João Carlos Carranca disse...

Mais uma vez gostei do que escreveste e por isso tomei a liberdade de copiar este texto para www.sanzalando2.blogspot.com
Espero que não te importes

Salucombo_Jr. disse...

é claro que podes meu caro jotacê, afinal é sempre uma honra um copy paste de um amigo.

Carlos disse...

Bonita prosa a tua, Salucombo.
Que pena o sucedido (que, confesso, desconhecia).
Oxalá as tuas palavras tenham o devido eco...

Um abraço
carlos

Anónimo disse...

já tinha lido este post há tempos.
mas uma dúvida me ficou e me fez cá voltar - o palácio foi deitado abaixo?
ou está só em recuperação?

um abraço
aNa

Salucombo_Jr. disse...

o palácio realmente esta em reparação, mas como aconteceu com o palácio maria joaquina as paredes foram a baixo e as que hoje lá estão perderam um pouco o valor histórico no meu humilde entender.
talvez por isso mesmo temo que o palácio de ferro esteja a caminhar para o mesmo caminho.

Unknown disse...

Conheço o Palácio de Ferro, é Lindo e afinal já lá não está...


Custa-me não acreditar que alguma vez volte.

è uma peça muito bonita e que marca uma época.



Paulo F

Unknown disse...

E agora o que vai ser a seguir?

O Kinaxixi, O palácio carlota Joaquina, o quê mais?

Não me lixem!