a Albertina trabalha na recepção de um ministério, e como todo pessoal que trabalha nessa posição aqui no país, a sua principal função é receber um documento de identificação das pessoas que para lá se deslocam em troca de um passe com a palavra visitante!
comigo não foi diferente, entreguei-lhe o bilhete de identidade e ela entregou o passe com a palavra visitante. subi pelas escadas e resolvi o meu assunto.
no regresso a recepção, encontrei Albertina a inspeccionar o meu documento. envergonhada, desculpou-se e perguntou se podia matar a curiosidade. respondi que talvez fosse mais fácil perguntar-me, já que era eu o dono do documento que tinha em suas mãos. sem jeito, sorriu timidamente e baixou os olhos talvez com receio de me encarar.
- qual é a sua natureza.
- sou angolano. porque?
- não, de onde é?
- os meus pais são das Lundas, mas eu também sinto-me Kioko.
- o que significa o seu nome?
[respondi a pergunta e ela voltou a sorrir]
- gostei. quando tiver um filho posso dar-lhe o seu nome?
- só se me deixar ser o padrinho.
Albertina sorriu e concordou com a cabeça. entreguei-lhe o passe com a palavra visitante, o meu cartão de visita e despedi-me com um bom dia.
hoje, recebi um e-mail:
Olá, daki é Albertina a moça da recepção do Ministério das Obras Publicas.
Ainda te lembras???
Estou grávida e o meu namorado aceitou o nome. Ainda queres ser o padrinho?
3 comentários:
tem gente com sorte. Ela e tu. Há gente boa neste mundo!
A inspiração para os nomes surge das situações mais invulgares.
Em Angola conheci uma Xilombo que fazia jus ao seu nome Umbundo, ao ser a sua casa um ponto de encontro no final das longas viagens. E agora fiquei curioso quanto ao significado de Salucombo...
Parabéns, muitos parabéns!!!!
Eu so fiquei curiosa em saber se aceptaste ser o padrinho...
Bela história, a verdade.
São precisamente os detalhes mais pequenos na vida os mais importantes, e os que nos ajudam a sorrir.
Com certeza que o teu sorriso e as tuas cores, também lhe ajudou a ela...
Enviar um comentário