e ponto, caiu o pano sobre o “maior” festival de Angola. sim, o maior, como eles próprios se apresentaram, de tal maneira que talvez essa grandeza incluiu o maior número de erros cometidos na organização de um evento do género na cidade de Luanda.
comecemos com os 6.500,00 Kz (usd 65) que era o preço do bilhete de 1 dia para o público geral... mas que público geral é esse que eles se referiam? as produtoras que têm organizado esse tipo de evento por cá têm de parar um pouco e repensar sobre a realidade angolana, e se isso lhes custa muito por falta de capacidade, então basta contratar uma empresa especializada em estudo de mercado para fazer um trabalho com resultados bem estruturados sobre quem é afinal o público geral e qual é o preço que eles estão dispostos a pagar para ver um musico. há ainda uma segunda opção que talvez seja mais barata, observem o que aconteceu com o fenómeno da vende de discos aqui em Luanda, actualmente os valores dos cd´s variam entre os 1.000,00 Kz e 2.000,00 Kz, simplesmente porque os produtores aperceberam-se a determinada altura que valores acima afugentam o público.
ainda sobre os valores dos bilhetes, dizer apenas que o mais alto custava a simbólica quantia de 75.000,00 Kz (usd 750).
em algumas coisas nós os angolanos somos tão bons que talvez um dia possamos ser considerados cientistas devido a nossa capacidade de inventar novos conceitos, o triste é que essa nossa capacidade criativa na sua maior parte vem misturada com um nível de arrogância, petulância, ostentação, grandeza, podia continuar os sinónimos até ao fim do texto, e essas características simplesmente tornam-nos cegos. talvez o arrogante sou eu ou talvez não entenda nada de conceitos, mas gostaria muito que alguém usasse a caixa de comentários desse meu humilde espaço para me explicar o seguinte: o que significa ir a um festival e estar num espaço fechado exclusivo, sentado numa mesa a jantar e a ver o show por um ecrã com uma qualidade de imagem deprimente? só para acrescentar que o buffet era especial!
continuando na questão cientifica, penso que um dos grandes problemas que tem envergonhado o nosso país chama-se novo-riquismo, um conceito que na minha opinião se mistura com a falta de educação, porque só uma pessoa que não tenha tido um acompanhamento educacional bem estruturado independentemente das condições financeiras é que pode ter a certeza que o dinheiro compra tudo, ou como diz um amigo meu, eles pensam que o dinheiro compra a capacidade de pensar. só isso explica esse fenómeno que tem se passado aqui em Angola... tenho dinheiro, logo posso ser o que me apetecer, musico, estilista, gestor de um canal de televisão, empresário, produtor musical e o monte de coisas que quando eu era criança sonhava com alguma facilidade.
mas seria injusto comigo mesmo só cuspir no prato que comi.
eu fui ao maior festival de Angola no último dia com o objectivo bem traçado de ver a Nneka e o Waldemar Bastos. infelizmente o transito era tanto que ouvi a Nneka na enorme fila de carros que aguardava para ter acesso ao parque de estacionamento. ainda corri para ver se conseguia uma única foto dessa menina que me foi apresentada por um amigo cubano, mas assim que pus os pés em frente ao palco ela despedia-se com alegria de um pequeno público que agradecia o momento de alegria que tinha acabado de passar.
actuação da noite foi de um dos músicos angolanos mais injustiçados na sua própria terra, e se alguma duvida restava a essa cambada de produtores angolanos, o cota Waldemar provou mais uma vez que a falta de convites para se apresentar em Angola é um fenómeno inexplicável e que só é possível porque vivemos num país em que no mundo da produção de eventos musicais ao invés de pessoas serias temos é uma trouxa de oportunistas e incompetentes. o público mostrou ao cota que sente tantas saudades dele e que o carinho foi demonstrado música apôs música, confesso que me surpreendeu um pouco o facto do público saber de cor todos os temas que ele interpretou, mais uma prova que mesmo longe da terra o povo angolano nunca esqueceu esse homem que nos ofereceu a pitanga mais doce do mundo. sem duvida nenhuma que foi a melhor escolha que a organização teve.
seguiram-se a Joss Stone e o Djavan, que vieram para mim num momento de alguma frustração. era tanta coisa inacreditável que se via naquela espaço que até parecia um momento de ficção, e isso distraiu-me um pouco de curtir com mais vontade porque constantemente tinha pergunta na cabeça: mas quem foi que idealizou tudo isso?
só espero que depois de tantos erros a organização reveja o conceito do maior festival de Angola e que interpretem com muita clareza a opinião do grande musico cabo-verdiano Grace Évora, é um pouco frustrante vir a Luanda tocar para tão pouca gente.
1 comentário:
Pela 1vez, nao vou escrever comentários, aqui na caixa dos comentários!
Simplesmente, porque nao há mais nada para dizer, 'e simplesmente inexplicável o que acontece em Angola.
Eu se tivesse dinheiro, como gente grande, nao criava uma produtora de eventos, nem de espectáculos de música, nem nada disso..
Eu se tivesse dinheiro, como gente grande, criava, fazia, desenvolvia mil e um coisas, mil um projetos que se pode fazer com dinheiro e que sao rentaveis...e que ainda podia originar emprego..sim, a música faz bem a alma, mas eu, nao faria espectáculos de milhões de dólares, concerteza que nao!
Valeram as fotos bonitas...
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