terça-feira, abril 10, 2007

programa para hoje

acabado de despertar, boca, olhos e corpo por lavar, raios solar que tentam com toda força perfurar os espaços das persianas duma janela que durante toda noite observou e ouviu os sons do meu sono. paredes verdes que me rodeiam, mas sem conseguir explicar-me o porque deste meu repentino despertar! afinal hoje tenho pouco o que fazer, uma manha livre como os raios do sol que se fazem sentir do lado de lá daquela janela. prometo-te que hoje não te vou escrever sobre as minhas angustias, da beleza da lua ou sobre a liberdade do mar, hoje apetece-me é falar-te sobre o nada! sim, o nada, aquele que nunca tem ou sempre nada tem para dar mostrar ou ver. ele que acompanha os paços do vento e o único que talvez observa o silêncio, ele que eu tanto gostaria de escutar mas nunca consigo. e tu, já alguma vez prosaste com ele? então diz-me como ele é, a que cheira e com que nome se apresentou. vá diz-me, quem sabe hoje não me cruze com ele pelas ruas desta solidão que insiste em compartilhar comigo os meus passos diários. mas hoje vou tentar não prestar atenção nela e concentrar-me em procurar pelo nada e ma nada.
e prontos, esta decidido o que vou fazer no meu dia de hoje. se tiver sucesso neste meu arrojado programa talvez conto-te alguns detalhes.

necessidade, fome sede
ópio, vicio cio
transfusão de sangue na eminência de um derrame
você
você
na ausência o prazer do regresso
o pudor se envergonha
e o frenesis esta em tudo
num gemido
num arrepio
no orgasmo
no aconchego de um abraço
você e eu
nós
nossa esquizofrenia
sugamos a língua, dentes, lábios músculos e mamilos
quero grita o desejo
carícias a mão só obedecem ao óbvio
na mente luta um átomo de pecado que logo se dissolve com a oração dos corpos
tenho vontade de você...
tenho vontade de você...
tenho vontade de você...
tenho vontade de você...
tenho vontade de você.

danaevontade de você

4 comentários:

João Carlos Carranca disse...

Te posso pedir para ocupares o teu tempo e nos mostrares A tua Luanda vista pelos teus olhos? Assim um album de fotografias que não são postais mas que são a realidade da minha amada terra?
Ah! tás 'proibido' de ficar assim tanto tempo sem apareceres na escrita

Salucombo_Jr. disse...

não te posso garantir que assim será, mas tenho feito o possível para fotografar “tudo” e “todos”, mas a verdade é que o receio de andar por ai com a máquina na mão também vai aumentando.
quanto a ausência, como deves saber por cá nada ou quase nada chega ao consumidor por completo! se não é a falta de energia (motivo da ultima ausência), são as chuvas que levam o sinal da internet. ainda ontem quando assistia a entrevista de sócrates a chuva “levou” o sinal da parabólica e quando devolveu-me já tinha terminado.

Anónimo disse...

E haverá melhor retrato do que esta resposta do Salucombo?
Abraço, mano!

Anónimo disse...

Salucombo! Que belo poema. Acho que vou roubá-lo para o meu blogue.
Um beijo