para os que pensam que eles estão desaparecendo com os assassinatos em serie que tenho presenciado, estão enganados. os fantasmas, nunca desaparecem totalmente!
mesmo em pedaços com um valor clássico, a cidade ainda tem pegadas de sabedoria e beleza que se confundem com olhar de tristeza de muitos idosos que encontrei naquilo que outros ainda insistem em chamar de lar.
é domingo de manha, mas para eles tanto faz, não lhes faz diferença o tempo, apenas sabem da contagem decrescente para a sua partida ou substituição como alguns tentam enganar-nos e então sentam-se olhando o passado que nunca lhes contou que era assim o tal futuro que tanto desejavam.
o presente e o tal futuro que no passado era o que mais eles queriam, cruzam-se hoje mas não se entendem simplesmente porque um não conhece o outro.
e eu que sou um simples privilegiado, e por isso e muito mais, muitos assumem-se no dever de espancar-me na face que não tenho o direito de achar, fito-me perante a dor da cidade e sem o tal direito nada posso fazer-lhe se não olhá-la, olhá-la e calar-me.
e então, surgem as palavras que como forma de lágrimas pouco conseguem disfarçar os momentos de angustia/alegria que ao passar por um tempo que não presenciei fazem-me sentir estranho por um sentimento que nunca soube de onde veio.
na aldeia onde vi o primeiro mukixi, os mais velhos costumavam dizer frases difícil de entender o sentido, talvez porque nós os mais novos ainda estávamos no passado e já eles estavam no futuro, mas hoje, perante tudo isso a duvida mantém-se: então porquê que não evitaram?
mais o pior, será se num outro tal futuro que hoje almejo eu, não estará o Yami a deitar lágrimas silenciosas que sigam o caminho das palavras aqui escritas e a duvida ainda esteja presente: e eles, porquê que não evitaram?
6 comentários:
Sabes, Salucombo, a primeira foto que tens aqui (o sobrado ao lado do Baleizão) foi a casa onde nasceu o meu pai e onde a minha avó(sua mãe) foi directora e professora da Escola do Grámio Africano) que também aí funcionava.
Durante um tempo namorei essa casa; queria-a para um centro de dança, para a sede da Companhia.
Depois vi tapumes e agora... parece que está à espera de ser abatida.
São as minhas memórias a desaparecer. Com a casa, uma parte da história da minha família desaparece também.
Às vezes odeio!
mas um dia todas essas lindas "antigas" imagens vao desaparecer...ou duvidas??:(
infelizmente um dia será assim, Luanda na ânsia do progresso vai fazer desaparecer tudo o q é antigo, velho, a caír aos bocados..é o preço que vamos todos pagar, por esse tal de progreso, que no nosso país- subdesenvolvido- é pago por um preço bem caro!
é Phwo, quando diz que viu lá tapumes e agora parece que está à espera de ser abatida, é mesmo uma incógnita porque hoje chegamos ao ponto de não ter a certeza de ver tudo o que ontem ainda estava lá!
pois Anónimo, é o progresso, é o progresso.
Tenho pena que o tempo se apague assim... Angola devia aprender com os erros de nações que se reconstruíram. às vezes não é limpando que se esquece é deixando para que nunca se esqueça.
E não te cales, por favor.
Ls
Carlos Arruda de Menezes
Primeiramente quero te parabenizar pelo blog.
Caro jovem, gosto de sua postura, dizendo assim dessa maneira tão firme. Como seria bom se mais pessoas fossem assim.
Infelizmente os que detém o poder nas mãos, são como prostitutas, com suas falas doces e suas promessas, mas que só se interessam por dinheiro e lucro. São mercenários.
Eles não têm bons principios, são
enganadores.
Assim como as putas, eles só querem arrancar e acabar c/ tudo o que é bom.
Chega uma hora na vida das pessoas que elas precisam se manifestar e ocupar os seus lugares e fazer valer os seus direitos. Ficar em cima do muro, não vale.
Queria dizer mais. Quem sabe numa outra oportunidade.
Um grande abraço.
recicla@hotmail.com
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