sábado, fevereiro 28, 2009

para ti, que nunca me lês!

Quero dizer-te uma coisa simples: a tua ausência dói-me.

Nuno Júdice, com ilustração aqui.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

estou em crise, 
em recessão, 
em abstinência, 
ou em celibato com as palavras...

não consigo ler-te, ouvir-te nem mesmo escrever-te fazem muitos dias, e mesmo sabendo que nenhuma satisfação te devo, sinto entre os dedos algum desconforto por saber que sentes a falta do meu toque.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

para ti, que nunca me lês!

é contigo ainda que compartilho em 1ª mão as coisas boas que me surgem a frente.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

hoje, é um bom dia para assumir 24

coincidente mente, as meninas que supus serem as mulheres da minha vida afastaram-se com a mesma teoria:

mereces alguém melhor do que eu.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Marcelo Camelo

no Centro Social do Bairro 6 de Maio, Damaia em Lisboa
Cátia, Jamila, Deisy, Jordão, Rafael ,Nair, Nadine, Jenilson, Nelita e Rui.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

hoje, é um bom dia para assumir 23

isso.

O ciclista da faixa de Gaza

A camioneta, que avança por cima da fronteira da faixa de Gaza no sentido dos ponteiros do relógio, leva músicos que acertaram os ouvidos entre si e decidiram, embora não explicitamente, que os ouvidos eram mais importantes do que os olhos. E enquanto tocam a camioneta avança.
Os vidros que tudo deixam ver nos dois sentidos são à prova de bala. Deixam ver, mas não deixam matar, facto que o maestro agradece.
No interior da camioneta a orquestra, composta por músicos palestinianos e israelitas, toca, enquanto no exterior há tiros e explosões. Lá dentro não se ouvem os tiros, lá fora não se ouve a música.
Para alem da orquestra, a camioneta envidraçada transporta um ciclista inútil. Um ciclista que pedala no mesmo sítio e que se ilude com o esforço dos pés, imaginando que é ele que faz mover a camioneta quando afinal é o motor desta que tudo faz avançar ao longo da fronteira da faixa de Gaza.
Mais à frente, porém, uma patrulha de soldados exige a paragem da camioneta e o condutor nada pode fazer senão obedecer. A camioneta pára e com ela a música.

Mas no momento da travagem algo de inesperado ocorre. O ciclista inútil, que pedalara durante horas no mesmo sítio, acabara de desencravar as rodas do mecanismo onde haviam colocado e, de nádegas firmes sobre uma bicicleta que recuperou os seus movimentos normais, pedala já – fora da camioneta – por cima da linha da fronteira da faixa de Gaza (e imaginemos que a fronteira é mesmo uma linha, como a que um lápis deixa numa folha). Saiu a tal velocidade que nenhuma patrulha o conseguiu travar.

Eis, pois, o ciclista em pleno esforço, imaginando-se numa competição importante, na volta em França em bicicleta, por exemplo, pedalando com velocidade e rigor. Velocidade que permite escapar às balas e rigor que faz com que as duas rodas da bicicleta jamais se afastem da linha a lápis que marca a fronteira daquele rectângulo, a faixa de Gaza: rectângulo com cerca de 45 km de comprimento e 8 km de largura.
Está totalmente concentrado, com os olhos a anularem dois outros sentidos bem importantes do ser humano – o sentido da audição e o sentido do medo.
Naqueles instantes, para o ciclista só há um elemento no mundo: a linha de fronteira. De tal forma que até o próprio rectângulo que constitui a faixa de Gaza desaparece da mente concentrada.
É claro para ele agora que aquela corrida em cima da linha de fronteira não é uma corrida normal de bicicleta. De facto, ele percebe que está em cima de uma linha e que só a linha existe. Avança, isso mesmo, como um funâmbulo em cima de uma corda – pois para ele ao lado dessa linha não há território sólido, mas sim apenas nada e coisa nenhuma, um abismo. O mais pequeno desvio de uma das rodas da bicicleta em relação à linha de fronteira da faixa de Gaza terá por consequência uma queda fatal. Eis o que ele imagina.
Só pois uma enorme mestria na condução da bicicleta evita uma tragédia. Ele não olha para os lados, os lados não existem. Fixa-se apenas na linha que tem à sua frente e que tem apenas largura para as rodas da bicicleta.
Atravessou já um comprimento inteiro (45km), uma largura (8km), depois do segundo comprimento (45km) e entrou agora, a grande velocidade, no último lado deste rectângulo que só tem perímetro, fronteira; rectângulo, enfim, que perdeu tanto o interior como o exterior.
De vários lados disparam tentado travar o percurso do ciclista, mas o certo é que nenhuma bala chega ao destino.
o ciclista já vê a meta, aproximar-se a grande velocidade do canto de onde partiu. A camioneta desapareceu e o ciclista está apenas a dois metros de percorrer por completo o perímetro da faixa de Gaza.
Para conseguir manter-se em cima daquela linha ténue, este funâmbulo sabe que deve virar a esquerda, passando da largura para o comprimento da faixa de Gaza, porém a sua bicicleta atingiu já uma velocidade tal que ele percebe que não conseguira parar.

E foi então nesse segundo que tudo se passou. Terá talvez recuperado, de súbito, a audição pois pela primeira vez ouviu de forma clara o som de uma bala. E depois não sabe bem o que aconteceu, sabe sim que não mudou de direcção e não parou de pedalar. Terá assim saído do perímetro da fronteira da faixa de Gaza, avançando para esse espaço vazio – funâmbulo de tal forma hábil que dispensa já a corda ou o fio debaixo de si – e por isso naquele momento o ciclista não percebe se já está morto ou, se no ar, magnificamente pedala em direcção ao violento pôr de sol.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

um convite aos de cá




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segunda-feira, fevereiro 02, 2009

a Luanda dos 434 anos feitos no mês que a pouco terminou não se sente velha, não se sente jovem mas talvez se sinta cansada de todos nós que aos poucos lhe tiramos os pontos que amarram a sua formosura, pontos que com ela nasceram e pontos que os primeiros a atracarem adicionaram ao seu corpo, ao seu rosto e que o gingar de todos estes anos criaram nela os traços da sua beleza empoeirada.

o horizonte, que lá do fundo sempre observou a forma como a menina se transformou ou em que foi transformada, pouco ou nada pode fazer para ajudar, amigos de sempre, trocam a distancia olhares cabisbaixo em que cada um lamenta a sorte do outro.


e aquela linha que muitos de nós gostaríamos de tocar, hoje, também quase que não nos deixam vê-la!