segunda-feira, junho 02, 2014

faz tempo que perseguia este momento...

sexta-feira fui ver o show do Gabriel Tchiema, um músico que muito admiro e que nunca escondi a admiração que sinto por ele em todas as vezes que escrevi sobre ele aqui

a caminho do local do show, a música foi escolhida aleatoriamente e sem qualquer intensão, apercebi-me que já no carro tinha o pensamento na minha infância com as músicas do disco Tsikaya – músicos do interior, um projecto do Victor Gama que sempre me faz viajar. a viagem foi longa porque a sonoridade desse disco me fez regressar a minha infância e chegar mais uma vez a conclusão de que sou um ser privilegiado! para muitas pessoas a minha volta, assumir-se privilegiado é quase sempre encarado como um ato de arrogância simplesmente porque a palavra fere alguns ouvidos. sempre discordei desse posicionamento. sou privilegiado sim, sei ler, sei escrever, tive pais presentes, irmãos próximos, felizmente tenho poucos bons amigos, conheci outras culturas, outros cheiros, outros sabores, outras sonoridades, outras pessoas, outros lugares e mesmo aqueles lugares em que infelizmente desgostei, ao menos tive a felicidade de os conhecer. a música que sempre foi uma arte presente na minha vida, é também uma prova de o privilegio de crescer a ouvir coisas extraordinárias é um momento que infelizmente nem todo mundo pode reclamar e é por isso também, que cada vez que escuto o Gabriel Tchiema sinto-me feliz... feliz pelos lugares que ele me transporta, feliz pelas coisas que ele canta, feliz porque as minhas raízes coincidentemente serem de onde ele veio, feliz por ter tido pais que prepararam os meus ouvidos para que hoje pudesse escolher gostar de músicas como Mungole, Azwlula, Ngunai ou Tambwoka, só para dar alguns exemplo, feliz também por ter a capacidade de perceber de que se hoje tenho a oportunidade de presenciar momentos como aqueles que passei no show de sexta-feira, então é importante que valorize ainda mais as pessoas que me fazem passar por isso. 

quando decidi escrever esse texto, a intensão sempre foi escrever sobre o show, a organização e os momentos que passei naquela sala... a verdade é que o Gabriel Tchiema não deixou, porque todas as palavras que escrevi no paragrafo acima são o resultado de muitos pedacinhos que me entram pelo ouvido sempre que escuto este músico injustamente esquecido por uma sociedade cada vez mais atraída por gostos descartáveis! 

a organização um obrigado pelo momento extraordinário que passei e um abraço ao Yuri Simão e ao cota Majo que mesmo sem saber quem escreveu estas palavras merecem os meus sinceros parabéns pelo tiro certeiro com esta iniciativa do Show do Mês

que o próximo seja o nosso querido Waldemar Bastos.
 

1 comentário:

Africa e os seus encantos disse...

Ler estas linhas, voltar no tempo e me posicionar na mesma sala aonde partilhamos este grande momento, e ver as fotos que aqui partilhas arrepiam-me. Estamos juntos, e viva a nossa cultura.