por volta dos meus 13 anos de idade, foi quando e por causa do meu primo L comecei a ouvir música africana. o primo L, como gosto de lhe chamar, fazia um programa aos domingos por volta das 13 horas na rádio nacional de Angola, e como sempre, passava lá por casa para almoçar com a sua mala de discos de massa e alguns cd´s. naquela altura, os cd´s eram uma coisa tão esculú, que só as pessoas viajadas é que tinham! naquela mala tipo a dos traficantes de droga, o primo L levava a sua fortuna. havia de tudo ou quase, Manu Dibango, Tshala Muana, Franco, Mário Rui Silva, Angélique Kidjo, Cheikh Lô, Waldemar Bastos e muitos outros que na minha ignorância musical escutava-lhes sempre que o meu pai escutava aquelas músicas que nós chamávamos de música zairense!!! mas hoje, passados todos esses anos, não tenho dificuldades em recordar que foi naquela mala do primo L que pela primeira vez vi nomes como Salif Keita, Fela Kutti ou Ismael Lo.
Ismael Lo faz parte daquelas músicos que me faz recuar no tempo e despertar para a realidade de que apesar de tantas dificuldades da época eu era uma pessoa privilegiadamente feliz! a família, os amigos, as professoras e até a minha cadela rafeira Jolly… tudo isso e mais algumas coisas faziam-me esquecer que em muitos lugares do mundo já existiam crianças que tinham vídeo games, computadores ou simplesmente um fato do homem aranha! e o primo L que nos fazia sentar todos os domingos para ouvir aquelas musicas maravilhosas, nunca imaginou o quão bem músicos como Ismael Lo pudessem fazer ao futuro de uma criança africana, e é por isso e não só, que gosto de afirmar que ouvir musica nos torna sempre melhor do que somos.
Ismael Lo – sexta feira 29, Palco Palanca do Luanda International Jazz Festival
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