em Aveiro, no tempo em que era estudante, detestava quando alguém me tratava por Palop, porque a expressão era transmitida com a ideia de uma espécie, tribo, grupo, etnia, etc. respondia propositadamente, eu não sou Palop, eu sou angolano(!), e as pessoas a volta riam-se. algumas vezes aos sábados à tarde juntava-me com moçambicanos, cabo-verdianos, santomenses, guineenses e angolanos, sem nunca me sentir que estava num grupo Palop mas sim com amigos, conhecidos e colegas de universidade, para assistirmos o programa Na Roça com os Tachos que passava na RTP África.
foi desses convívios que tive o primeiro contacto com o João Carlos Silva.
a par do Claudio Corallo, o João Carlos Silva foi o outro item da minha lista de prazeres que preparei com bastante atenção, a quando da minha vinda para São Tomé e Príncipe.
para quem visita esse país, o nome João Carlos Silva é uma mistura entre o espaço Cacau, a Bienal de São Tomé, a Roça de São João, entre outros prazeres inesquecíveis que tive naquela tarde na roça, vestido de maneira informal, com vista para o mar, andando descalço, com especiarias de cheiros difíceis de decifrar, o som da bossa nova que se misturava com jazz, a conversa agradável, a rede, os livros, o forno a lenha, os sorrisos das mesas de lado cada vez que degustavam aqueles aperitivos, e até o sabor da malagueta que arde com sabor, tudo isso me fez pensar que na vida nem sempre precisamos de milhões para atingirmos níveis memoráveis de prazer!
adenda: É muito difícil avaliar a felicidade dos outros. Muitas vezes não depende do quanto se tem (…) - José Luís Peixoto, numa entrevista que li por ai.
1 comentário:
Das tais coisas boas da vida que só se valoriza quando se vive após um certo Grau de maturidade... Belo repertoire de momentos preciosos!
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