"...– Duma coisa tenho a certeza – disse Mateus Evangelista. – Isto tudo está relacionado com a falta de Fé dos angolanos. Hoje vivemos numa sociedade de pedintes e de ladrões. Onde estão os valores morais que impediam as invejas, os ódios, os actos arbitrários, os ajustes de contas, a ganância? Desapareceram. Temos jovens que nunca ouviram falar desses valores. Temos jovens que na escola nem sequer aprendem que não se deve urinar nas ruas à frente de toda gente. A única coisa que se sabe fazer é roubar. Até o telhado de um hospital se pode roubar, basta que não haja guarda. E quem os faz? É o povo, o próprio povo. Porque esse só pode roubar o telhado do hospital que esta ali próximo. Os poderosos roubam muito mais, até se podem dar o luxo de condenar o povo que rouba o hospital. O povo não tem acesso ás grandes traficâncias e ás comissões, só lhe resta derrubar os postes de electricidade para aproveitar os ferros da estrutura e vendê-los. Ou roubar os fios de telefone para vender o metal. E assim se vai destruindo o País. Uma escola novinha em folha não dura um ano, são os próprios pais dos alunos que roubam as carteiras, as portas, as janelas, as chapas de cobertura. E porquê tudo isso? Porque os angolanos deixaram de acreditar em Deus."
...
velhas palavras, mas que infelizmente continuam actualizadas!!!
O Instituto Camões – Centro Cultural Português e o Instituto Angolano de Cinema, Audiovisual e Multimédia (IACAM) têm a honra de convidar V. Ex.ª Para o Ciclo de Cinema de Animação com a presença do premiado realizador José Miguel Ribeiro, nos dias 6, 7, 8 e 9 de Fevereiro, pelas 18h:30.
nascemos, conhecemo-nos, "crescemos", separaram-nos, mas continuamos juntos. esta é a história dos mangueirinhas e nada mais há para contar.
as palavras que se segem foram escritas aki pelo Luís Simões.
Nem imaginas como tudo isto se deu... O "Tchona" é um dos clientes que tenho numa loja de vestuário que exploro em Coimbra. Ontem passou por lá, e durante uma breve conversa falei-lhe de alguns blogs africanos que visito. Fui até à Phwo, por ele ter mencionado a palavra "Kandongueiro". Resolvi abrir a página dela, afim de lhe mostrar parte da realidade que por lá vai expressando. Qual não foi o espanto dele quando deu com o pequeno "Kandongueiro" no blogue da Phwo.
- Esse carro estava no quarto de um amigo meu – vi-o quando estive de férias em Angola.
- O quê? Não te estás a referir ao Salucombo, estás?
- Sim, a esse mesmo! Conheces?
- Verdadeiramente não! É alguém que me linkou faz tempo e vice-versa...
- Fogo, é incrível!
- Pois é…
Depois, falou-me das reuniões da vossa infância, que tinham junto a uma mangueira. "Éramos uns poucos." Referiu. Contou-me, ainda, mais uns pormenores que em nada te comprometem – fica descansado:)
Talvez um dia deste se dê sequência a esta breve e agradável conversa/passagem...
Abraço
aonde quer que cada um de nós tenha ido parar por este mundo a fora, o ruído daquela gritaria será sempre ouvido pelos cotas da rua.
Bob Marley | August 12th, 1979 Photograph by Annie Leibovitz
“I found that by taking the studio to the person, it looked like they posed for our cover and it built our credibility.
With Bob Marley, I see up studio in his dressing room and waited around. After two nights he started to feel sorry for me and posed for the cover shot.
Luanda são os people, as imagens, o cheiro, os sons, os mambos, o transito, a destruição, a correria, o calor, a escuridão, as vozes, os choros, a tristeza, a alegria, os combas, os bodas, os cabombas, os roboteiros, a desbunda, os cambas, a catinga, o kuduro, a kizomba, o semba, as kinguilas, os pescadores, os putos de rua, os vendedores ambulantes, a praça do roque santeiro, o mussulo, o sambizanga, a casa da mãe jú, os candongueiros, os pulas, os chineses, os zaiko langa langa, os budjurras do são paulo, as demolições, a especulação imobiliária, os cumbus, os brazucas, os tugas, a poeira, o belas shopping, a lagoa do kinaxixi, os cobradores, as peixeiras da ilha, a estrada de catete, o funge de bombo com feijão de óleo de palma, o mufete, o piteu da mamã kuiba, o paulo flores, o sebem, as maratonas, as birras, a fome, o breda, os business os buracos, a corrupção, os libaneses, e tudo aquilo que cada um de nós vê, sente, cheira e ouve sempre que sai a rua.
se por acaso precisar de tradução em alguma palavra, queira deixar a sua duvida na caixa de comentários.
surgiu-me na frente do nada e sem que me desse tempo para o ultimo expira/inspira de coragem antes de avançar até ela.
moço não tenho muito tempo. disse.
fiz o que queria mas não disse-lhe exactamente o que a muito tinha preparado para este momento! ainda com as mãos suadas e geladas do “susto” de a ter por segundos no alcance do meu corpo, vi-lhe afastar-se sem nada fazer.
foi-se, levando entre os dedos magros e compridos a folha de papel que a muito deambulava entre as paginas do livro que agora leio.
banda sonora:
sons da baixa de Luanda entre as 7h:58 e 8h:05 da manhã.
li por ai que Lênin depois de ouvir sonatas de Beethoven, fez uma confidência:
“Não conheço nada de mais belo do que a sonata Appassionata; poderia ouvi-la todos os dias. Música surpreendente, sobre-humana. Digo-me sempre com um orgulho talvez ingénuo e pueril: “Que maravilhas que os homens podem criar!” Mas não posso ouvir música constantemente, ela age sobre os meus nervos, tenho vontade de dizer tolices e de acariciar as criaturas que, vivendo num inferno assim, podem criar tanta beleza...”
A que eu tinha planeado para a caminhada daquela noite.
Posso voltar a ser o homem que uma vez atravessou o parque Surrey ao anoitecer, no meu melhor fato, pavoneando-me com a promessa de vida.
O homem que, com a clareza da paixão, fez amor contigo na biblioteca.
A história pode continuar.
Eu voltarei, encontrar-te-ei, amar-te-ei, casarei contigo.
E viverei sem vergonha.
Sim, completamente. Não mudei quaisquer nomes, incluindo o meu.
E foi esse o problema?
Não.
Decidi, há muito tempo, contar a verdade absoluta.
Sem rimas, sem embelezamentos.
E acho que...
Se ler o livro, vai perceber porque.
Tive testemunhos em primeira mão de todos os acontecimentos que não presenciei, as condições na prisão, a evacuação para Dunquerque, tudo.
Mas o efeito de toda esta honestidade foi bastante impiedoso.
Percebe, não conseguia imaginar que propósito ela serviria.
Pelo que? Desculpe. Servido pela honestidade?
Pela honestidade.
Ou pela realidade.
Porque, de facto, fui cobarde demais para ir visitar a minha irmã em Junho de 1940.
Nunca fiz aquela viagem até Balham.
Portanto, a cena em que me confesso a eles é imaginária.
Inventada.
E, de facto, nunca poderia ter acontecido.
Porque...
Robbie Turner morreu de septicemia em Bray-Dunes no dia 1 de Junho de 1940, no ultimo dia da evacuação.
E eu nunca fui capaz de compor as coisas com a minha irmã, Cecilia, pois ela foi morta em 15 de Outubro de 1940, pela bomba que destruiu as condutas de água e de gás por cima da estação de Metro de Balham.
Portanto...
A minha irmã e o Robbie nunca tiveram o tempo juntos que tanto ansiavam e mereciam.
E o qual, desde então, eu...
Desde então sempre senti que fui eu que o evitei.
Mas que sensação de esperança, ou satisfação, poderia um leitor retirar de um final assim?
Por isso, no livro, eu quis dar a Robbie e Cecilia o que perderam na vida.
Gosto de pensar que isto não é fraqueza ou fuga, mas um acto final de bondade.
por vezes espero que algumas se cruzam nas ruas vazias e silenciosas dos meus pensamentos. o momento em que com elas me cruzo, torna-se quase sempre um instante em que a ansiedade domina a minha vontade de descarrega-las em papel branco timbrado com pontos negros naquele enorme branco.
O Instituto Camoes / Centro Cultural Portugues e o Instituto Angolano de Cinema, Audiovisual e Multimedia (IACAM) tem a honra de convidar V. Exa a assistir ao programa da Retrospectiva do cineasta portugues Jorge Antonio, entre 21 e 25 de Janeiro no Auditorio Pepetela, Centro Cultural Portugues de Luanda.
do outro dia quando saia de casa, deparei-me com eles juntinhos e com passos bem sincronizados caminhavam perante a minha visão que os seguia com alguma curiosidade.
mais a frente e já na zona do ex largo da Maianga, hoje largo do engarrafamento insuportável, pararam e posicionaram-se a meio da calçada. queimei algum tempo a observar aqueles movimentos “treinados” dos dois, enquanto o da frente mais baixo, mais novo, mais inocente e mais atento dirigia-se para as pessoas e falava qualquer coisa, o de trás mais alto, mais velho, mais vivido e mais distraído dirigia-se para as pessoas em silencio e com o movimento do braço de baixo para cima abrindo a palma da mão logo a seguir.
sem que nada me distraísse, concentrei-me nas minhas personagens, reparando que no final do curto dialogo que mantinha ou tentava manter com as outras personagens apressadas que por ali passavam, apenas o da frente alterava a imagem da sua face.
resolvi então aproximar-me e ouvir as palavras que saíam daquela boca faminta, e sem dizer bom dia levei a mão ao bolso e entreguei-lhe parte do que lá tirei. levantei a cabeça e sem me despedir continuei a minha caminhada deixando para trás aqueles dois seres dependentes um do outro. o da frente que explora as incapacidades do outro e o da trás que explora as capacidades do outro.
cansei de esperar, é, cansei porque nunca mais chegavas e assim não podia "descarregar" em ti as minhas palavras que a muito pulam de tanta ansiedade que tinham de sair dali onde estavam armazenadas. foi tanta a pressão, que acabei por solta-las desordenadamente sem que me dessem oportunidade de as puder alinhar ao gosto e vontade dos meus dedos e por fim, elas saíram assim sem que pudesse dizer o que queria ou o que não queria.
na verdade, e nada mais que a verdade é que eu queria escrever-te, com ou sem orientação apenas tinha saudades de escrever-te mas sem saber o que, talvez queria escrever-te que tinha vontade [sentia falta] de dizer que sinto a falta de escrever-te.
Nomeados Aprender a Rezar na Era da Técnica, Gonçalo M. Tavares, Caminho Debaixo do Vulcão, Malcolm Lowry, Relógio d'Água O Meu Nome é Vermelho, Orhan Pamuk, Presença Margarita e o Mestre, Mikhail Bulgakhov, Relógio d'Água As Sete Estradinhas de Catete, Paulo Bandeira Faria, Quidnovi*
para quem acompanha as minhas leituras lá no "fundo" do blog apercebeu-se que passaram por lá Aprender a Rezar na Era da Técnica e As Sete Estradinhas de Catete, dois livros que gostei mas como em qualquer votação apenas posso escolher um.
*queiram desculpar-me aqueles que pensam que vos quero influenciar para que o vosso voto seja no Paulo, mas é a mais pura verdade.