terça-feira, maio 05, 2009

Kiokos, esquecidos na ficção e na realidade!

Dia 1 (continuação)
continuamos até Catenda e depois Cacuso que me fez aperceber que já estavamos em Malange, e aqui, não difere de muitas cidades do país, com apenas uma avenida, as casas lindas do tempo colonial antecedem as outras de pau a pique que ficam na aldeia. por aqui, apesar de estreita a estrada está muito bem asfaltada e com sinalização impecável.

nos dois sentidos cruzamos com mulheres de balde a cabeça, homens de enchadas na mão, crianças em tronco nu e pequenas familías de cabras que caminham todos para um destino distante.

no rádio, Sassa Tchokwe delicia-nos com os seus batuques, no mesmo instante que recebo um sms da minha amiga P. informando que o almoço está pronto. são 11h:52 e vamos almoçar em Kalandula com a P., menina de sorriso aberto que chegou a Angola (13 meses atrás) fluente em 4 línguas excepto português, mas que hoje o kutchi kanawa (quer dizer tudo bem em kioko) já lhe sai da boca com alguma facilidade!

eu, que sou de uma geração preguiçosa, a tal que escreve sms´s com ki em vez do que, reparei que em Malange, o nome de muitas localidades escreve-se com k; Kalandula, Karianga, Kazenta, Kolamuxito, Kakulama, etc.

entre beijos e abraços partimos com promessas de um regresso, para que como disse o Q. voltar a provar o sabor gostoso da hospitalidade da P.. descemos o Morro Chantel e seguimos até que o sono tomou conta de mim, só despertando na entrada de Xá Muteba, que estranhamente fica na Lunda Norte! saimos de Malange e achei que entramos logo para Lunda Sul como nos mostra o mapa, mas afinal, há uma pequena passagem pela terra do Rei Muatchianwa e só depois seguimos rumo a Saurimo.

na ponte que faz a travessia do rio Kusango entramos para o municipio do de Cabenda Camulemba com pit stop na Muxinda, uma aldeia como muitas que se encontram a beira da estrada, surgiu da mão dos garimpeiros. contou-nos o mais velho ao volante, que os primeiros homens que apareceram para garimpar diamantes montaram aqui as suas barracas e aos poucos o movimento foi crescendo até se tornar o que é hoje, uma aldeia com Soba (entidade tradicional de maior responsabilidade, geralmente é o mais velho da aldeia) reconhecido pelo governo.

as 22 horas, mais coisa menos coisa, entramos em Saurimo onde o funge (aqui eles chamam de pirão) com frango grelhado na lenha e molho de tomate pisado no candondo (pilão) nos aguardava numa mesa recheada de outros quitutes da região. comemos, li e respondi alguns mail´s (até aqui a movinet funcionava excelentemente) e dormi.

1 comentário:

Varal disse...

Ficção ou realidade?
Quem se importa?
Quem sente alguma coisa?

Escreves muito bem.
Parabéns.

A música é o só a música... e o resto...