quinta-feira, dezembro 27, 2012

outras decepções...

no mundo moderno, existem muitos países que obtêm boas verbas com a venda em forma de turismo da sua história, mesmo que essa história conte o sofrimento dos seus antepassados. o turista não se importa de pagar para ver, ouvir e por vezes sentir a forma como se vivia o antigamente do país que visita.

para quem desembarca em São Tome e Príncipe, é obrigatório visitar uma roça antiga. entre as muitas que tinha na lista, estivemos na roça Diogo Nuno, na roça Bela Vista, na roça Santo Amaro e na roça Agostinho Neto, que segundo a explicação, tem o nome do primeiro presidente angolano como forma de agradecimento pelo seu contributo na luta de independência das ilhas. apesar da degradação, nas roças é impossível não sentirmos a presença do colono... os grandes casarões, os detalhes das escadarias, as portas, a pequena igreja dentro de cada propriedade fizeram-me lembrar a novela Chica da Silva! na roça Santo Amaro tive a sensação de estar no mesmo lugar que Luís Bernardo Valença, a personagem principal do Equador, o livro de Miguel Sousa Tavares que li a pelo menos 6 anos atrás! 
 
 
infelizmente, o abandono, a destruição e a ocupação são o cartão de visita de todas as roças que visitamos. nos grandes casarões vivem famílias e muitas repartições da roça como o local onde se fazia a secagem do cacau estão deterioradas... resumindo, apesar dos vestígios de beleza que restam pouco ou nada resta que traga turistas para São Tomé e Príncipe. se o Estado não fizer alguma coisa, talvez daqui a 50 anos não haverá nada para ser visto! 
 
o plano para passar o dia na Ilha das Cabras não aconteceu como pensámos, a maré estava alta e fomos obrigados a improvisar o piquenique no meio das rochas. o lugar é bonito, a água é quentinha mas depois das 14 horas o mar engole areia e a praia desaparece. além do mais, as pessoas que usam aquele lugar esquecem-se que é preciso mantê-lo limpo, caso contrário o encanto desaparece. 

na conversa com o P, disse-lhe que estava com a sensação de que em São Tomé o hotel, a rent-a-car e o restaurante são as únicas coisas importantes para o turista, porque é surpreendente que um país tão bonito e agradável como este muitos dos potenciais pontos turísticos estão muito mal cuidados. 

felizmente, o dia acabou melhor do que começou. a praia do tamarindo fez-nos esquecer a ilha das cabras e o jantar no restaurante O Bigode foi o melhor desde que cá estou. o peixe e o camarão tigre foram temperados e grelhados pela Whisma, que na minha opinião merece uma estrela Michelin.

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