o João Carlos Silva é uma referencia impossível de se passar ao lado para quem visita São Tomé e Príncipe. a sua roça e o projecto Cacau (Casa das Artes Criação Ambiente e Utopias) são lugares que fazem qualquer pessoa sentir-se em São Tomé dos santomenses e não em São Tomé das agências de viagem. para escrever sobre esses lugares preciso de tempo para digerir bem o excelente momento que lá passei.
se olhamos com arrogância para esse país, concluímos logo que é um lugar pobre e que as suas gentes são de pouca formação, mas se despirmos um pouco dos nossos preconceitos reparamos que não é bem assim. em viagem, é quase automático comparamos o lugar onde estamos com o nosso país de origem, por isso, em São Tomé, estou constantemente a criticar a minha Angola, porque é-me difícil acreditar que não conseguimos copiar o mínimo!
o Jardim Botânico fica quase na ponta da montanha, no Parque Natural Obô de São Tomé e Príncipe, um projecto que teve inicio nos anos noventa com financiamento da União Europeia. o guia do jardim é o senhor A, um camponês de sorriso simpático que pelo conhecimento que nos transmite sobre plantas, bem podia ser um botânico! o senhor A explicou-nos que hoje o jardim já não recebe verbas nem do Estado nem da União Europeia e por isso a maioria dos funcionários foram-se embora porque precisavam de sustentar as suas famílias, restando apenas ele e outro colega. o senhor A sabe tudo sobre plantas, e apesar de não ser tão grande, o jardim tem plantas para todo tipo de doenças. diabetes, cancro da próstata, dores e corpo, bronquite e outras segundo as suas explicações.
queria contar mais sobre o Jardim Botânico e o senhor A, mas a minha mente insiste na comparação... e como isso não é um texto sobre Angola, prefiro parar por aqui.
a Roça Monte Café parece-se como as outras que visitei, com casarões muito bonitos que transmitem a sensação de quem quer contar muitas historias do antigamente mas não consegue.
a cascata de São Nicolau é tão linda que diminui a nossa humanidade, mas infelizmente está sem condições para quem pretende não só pousar para fotografias. no meio das árvores, a água vem da rocha lá de cima e cai em queda livre e continua o seu caminho que tentamos sem sucesso seguir. caminho que nos levou até a Roça Bombaim, que é também uma pousada para quem gosta de fazer turismo rural. numa estrada estreita no meio da floresta e de repente surge no meio do nada um espaço aberto com jardim, casarões do século passado com energia eléctrica e água canalizada!
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