terça-feira, dezembro 25, 2012

outros sabores...

nós, os angolanos somos arrogantes, prepotentes, demasiado orgulhosos e a melhor, tratamos muito bem os estrangeiros até ao dia que um deles tem a coragem de dizer-nos a verdade sobre o nosso país com toda frontalidade. felizmente que em todas as generalizações existem excepções. é preciso ser justo. 

não é verdade que desconhecia esses defeitos, o facto é que desde que estou em São Tomé e Príncipe, eles tiveram em mim um maior impacto. 

conheço muitas pessoas que gostam de afirmar que é nos países pobres que encontramos pessoas mais humildes e afáveis, mas Angola é a prova que isso não é bem assim. a ilha de São Tomé que é onde me encontro é pobre (partindo do ponto de vista arrogante que riqueza significa petróleo, diamante, chineses a trabalharem por nós, crescimento económico de muitos dígitos, etc), mas não creio que seja esse o principal factor que transformou as pessoas aqui tão humildes, simpáticas e sempre com um sorriso que transmite as boas vindas. 

na pouca pesquisa que fiz sobre essas ilhas, entre muitas coisas que fui encontrado por aí, retive a informação que um amigo me passou. é sem duvida o lugar onde comi o melhor peixe. 

a zona de Micolo fica aproximadamente à uma hora de distancia do centro da cidade, e foi lá na praia Fernão Dias (o lugar onde houve o massacre de 1953) que provei a água quente do mar. 
na rua em terra batida que nos levou a praia encontramos várias senhoras que grelhavam em fogareiros feitos de jantes de carro, peixes de cor encarnada que me puseram água na boca. depois do banho regressamos e fomos recebidos com sorrisos e com uma explicação sobre o tipo de peixe que tinham e como era servido. tanto o bluelo (?) como o concon vinham acompanhados com um molho gostoso feito de malagueta encarnada, fruta pão assada e duas rodelas de limão. comi com as mãos e bebi uma coca-cola. o lugar era próximo ao mar e as condições não eram das melhores, mas chamou-me atenção o facto de não haver moscas e que as senhores que preparavam o peixe lavavam constantemente as mãos. perguntei ao P se naquele lugar corria água, respondeu-me que em São Tomé e Príncipe não falta água canalizada. 
 

depois da ceia de natal com vista e o som do mar, voltei para o hotel e antes de dormir pensei no significado real de um país rico. adormeci sem chegar a resposta.

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