segunda-feira, dezembro 08, 2008

frustrações da minha geração

sou um kaluanda acidentalmente, pois a maior parte da minha família vem do leste de Angola ou das terras da camanga como muitas vezes são tratadas as Lundas Norte e Sul.
cresci temendo Mukixis, comendo muito funge onde o conduto variava entre makossos, makenenes, candondos e as historias sobre a mascara da Mwana Pwo contadas pelo avô Manel (não Manuel) foram entre muitas as coisas que abrilhantaram a minha infância. ainda assim, existe a frustração!

sempre foi para mim uma decepção não saber falar nenhuma das línguas nacionais que se fala em Angola.
no post Gabriel Tchiema, senti-me envergonhado quando li o comentário do anónimo que disse:
Você consegue fazer a tradução da letra?
PS

em círculos fechados escuto algumas discussões sobre a procura de um culpado para este desaire que infelizmente atingi um bom bocado da minha geração. há quem afirme que são os mais velhos os responsáveis por isso, pois só se expressavam no seu dialecto quando queriam esconder o tema da conversa dos filhos, facto que muitas vezes presenciei lá em casa, mas por outro lado, penso que nós os mais novos precisamos de assumir que a partir de determinada idade não assumimos realmente a vontade de aprender e ai tenho mesmo que arrogar que sair da banda foi para mim um click do quão errado estava(mos).

os mais novos que infelizmente em alguns pontos têm hoje uma infância pior que a minha, devem sentir-se com sorte por estarem num outro tempo, onde apesar de ser apenas no privado, já existem instituições com algumas línguas nacionais no currículo escolar.

e como o PS (desculpe-me ter-lhe tratado por anónimo) foi o causador deste post, tive de arranjar maneira de responder a sua pergunta.
consultando uma mais velha, disse-me que a música Azwlula (abre) fala de uma homem que encontrou a mulher da sua vida e queria muito que ela abrisse as portas do seu coração para que ele pudesse penetrar nele.
não é a melhor tradução, mas foi a possível.

enfim, não sei mais de 15 palavras em kioko, ainda assim acredito que um dia ainda escreverei um post totalmente em kioko.

e nesta semana, a música que se escuta chama-se Ndolo Ypi (ypi é qualquer coisa má, ndolo terei de perguntar a mais velha).

3 comentários:

Marita dos Santos disse...

É verdade primo , também sinto mto não falar nenhuma lingua nacional, e tal como tu acredito que aprenderei. Tenho mto orgulho de ser oriunta do leste de Angola, uma região cuja riqueza ultrapassa os diamantes, belas esculturas e trabalhos em madeira.

Amo a mistica dos mukixi e enlouqueço ao som de uma oa txianda

Salucombo_Jr. disse...

prima, nem me fales da txianda, aquilo é muito forte!

há coisas que nos deixam arrepiados mesmo que tentemos evitar, está no sangue e nada podemos fazer para evitar.

a malta tem tanta coisa boa, então porque que vamos esconder?
um beijo bem grande.
kutxi kanawa.

OuroVerdeSuculentas disse...

Olá,
me apaixonei pelo ritmo e belíssima melodia. Claro, embora não tenha decifrado a letra mas, amei.
Saudações brasileiras

Sil